O CEO da Stellantis, o português Carlos Tavares, colocou a pressão no máximo às 14 marcas do grupo que resultou da fusão entre a FCA e a PSA. Além das europeias Abarth, Alfa Romeo, Citroën, DS, Fiat, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot e Vauxhall, a Stellantis conta igualmente com as norte-americanas Chrysler, Dodge, Jeep e RAM, estando todas avisadas que o futuro é negro (e curto) para quem não consiga apresentar lucros.

O anúncio de Tavares chegou através da Reuters, com o CEO a revelar que está pronto a tomar medidas drásticas para ultrapassar aqueles que aponta como os maiores problemas do grupo, das margens de lucro reduzidas ao generoso stock de veículos à espera de clientes, sobretudo entre as que disputam o mercado americano. Desde que a Stellantis foi criada, em 2021, o elevado número de marcas sempre foi visto como um desafio, mas igualmente uma mais-valia, uma vez que era possível muitas sinergias, conseguindo com isso reduzir custos de investigação e desenvolvimento, recorrendo aos mesmos motores e plataformas.

Para complicar ainda mais a situação, este grupo acabou de “criar” a sua 15.ª marca, a chinesa Leapmotor, cujos modelos destinados aos mercados de exportação passarão a ser fabricados, assistidos e vendidos pela Stellantis (mas com emblema da marca asiática), que vai retirar 50% dos lucros desta joint venture formada por um construtor chinês relativamente desconhecido e o 4.º maior grupo automóvel mundial e 2.º europeu. A Stellantis não revela os resultados individuais de cada marca, excepção feita para a Maserati, que ainda apresenta prejuízos, pelo que não é fácil saber a quem é que Tavares está a dirigir este ultimato público, mas é pouco provável que o gestor português esteja apenas a fazer ameaças vãs.

A situação das marcas europeias poderá ser menos grave, pois durante a entrevista Tavares avançou que “o trabalho na Europa está feito”, mas especificou depois que “não está terminado nos EUA”, assumindo-o como a sua próxima missão. Estes anúncios ocorrem após a Stellantis ter anunciado os dados do 1.º semestre de 2024, em que os lucros EBIT caíram 40% e as margens EBIT encolheram para menos de 10%. Os analistas recordam que Carlos Tavares anunciou em 2021 que o grupo iria investir nas 14 marcas nos próximos 10 anos, mas tudo indica que a situação se alterou apenas três anos depois.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR