O Twitter (agora rede social X) foi obrigado a pagar uma indemnização superior a 550 mil euros a um ex-funcionário da sua sede na Irlanda, depois de se ter descoberto que o trabalhador tinha sido despedido sem justa causa, na sequência de não ter respondido a um email de Elon Musk.

A nota enviada pelo atual dono da empresa, em novembro de 2022, a citada pelo The Guardian, pedia aos funcionários para serem “extremamente hardcore”, que iria ser necessário “trabalharem longas horas a uma elevada intensidade” e que “apenas uma prestação excecional” teria a sua aprovação. Este email foi enviado semanas depois do empresário sul-africano ter comprado a rede social Twitter, cujo nome acabou por mudar, por 44 mil milhões de euros.

A comunicação, intitulada “Fork in the Road” (“bifurcação na estrada”, na tradução em português), tinha ainda outro recado. “Se tiverem a certeza de que querem fazer parte do novo Twitter, então carreguem na hiperligação em baixo“, concluía Musk, adicionando que quem não carregasse iria receber uma indemnização equivalente a três meses de ordenado pela rescisão.

Após não ter carregado na hiperligação indicada no email, Gary Rooney, trabalhador na empresa desde 2013, recebeu, no dia seguinte, outra comunicação eletrónica a confirmar a sua “decisão” de se demitir e de aceitar a oferta de rescisão voluntária. Porém, o mesmo expressou a sua confusão à empresa, revelando que nunca tinha apresentado a sua demissão e nem sequer tinha conhecimento de qualquer oferta de rescisão.

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Numa audiência em Dublin, Rooney revelou à Comissão Irlandesa de Relações no Local de Trabalho (WRC) que gostava muito do seu emprego, antes da entrada de Musk nos quadros da empresa. Explicou ainda que, quando viu o email inicial, teve receio de o abrir por achar que podia ser um vírus ou spam.

Em resposta, a equipa legal do Twitter disse que a ausência de resposta ao email de Musk indicava o desejo de demissão, como teria sido o caso de 35 outros funcionários, dentro dos 270 contactados. No entanto, o responsável pela audiência, Michael MacNamee indicou, num documento de 73 páginas, que as 24 horas dadas pela entidade patronal para tomar a decisão não eram razoáveis.

O valor final de 550. 131 mil euros para compensar um despedimento sem justa causa são um recorde irlandês. Esta indemnização é composta pelo seu salário não pago desde janeiro de 2023 até maio deste ano (350.131 mil euros) e ainda uma estimativa de perda de remuneração futura (200 mil euros).