A Stellantis, que resultou da fusão do grupo italo-americano Fiat Chrysler Automobiles (FCA) com o grupo francês PSA (que envolve sobretudo as marcas francesas Peugeot e Citroën, além da germânica Opel/Vauxhall), realizou uma verdadeira proeza ao conseguir conciliar os interesses (e necessidades) de 14 marcas oriundas dos EUA, França e Itália, tudo com o CEO português Carlos Tavares aos comandos, o artífice que desde 2021 tem mantido o barco a navegar — um grande barco, uma vez que se trata do 2.º maior grupo europeu e o 4.º mundial — e a dar resultados. Mas os resultados do primeiro semestre de 2024 não foram brilhantes, o que deixou os accionistas à beira de um ataque de nervos.

Depois de muitos bons resultados, a Stellantis surpreendeu (negativamente) os investidores nos primeiros seis meses do ano, admitindo uma redução dos lucros operacionais de 40%, o que, a continuar assim, se deverá reflectir na distribuição de dividendos por acção no final do ano. Prevendo o pior, um grupo de accionistas resolveu passar ao ataque e recorrer ao tribunal de Nova Iorque para processar a Stellantis.

As 14 marcas do grupo Stellantis, a que o construtor juntou as empresas de leasing e de mobilidade

Após anunciar os resultados menos bons no primeiro semestre de 2024, Carlos Tavares admitiu que as 14 marcas do grupo que dirige poderiam levar um corte e algumas poderiam estar à venda, precisamente as que não fossem lucrativas. E dos 14 emblemas sob pressão, são as marcas norte-americanas que estão mais ameaçadas, mas como a FCA e, por tabela, a Stellantis, se financiou com o fundo de pensões da Chrysler, as autoridades norte-americanas estão particularmente atentas à evolução da situação.

Além da Stellantis, os accionistas queixosos processaram igualmente o CEO, o português Carlos Tavares, bem como a CFO (responsável financeira) Natalie Knight, sendo ambos acusados de inflaccionar os resultados positivos anteriores e esconder os prejuízos até ser demasiado tarde. Mas a realidade é que esta não é a primeira vez que um pequeno grupo de accionistas decide agitar as águas e ir a tribunal contra grandes empresas cotadas em bolsa. A Stellantis já prometeu contestar e lutar contra a acusação.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR