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O Presidente russo, Vladimir Putin, chegou esta terça-feira à noite à Chechénia, para uma visita à república russa do Cáucaso governada com “mão de ferro” pelo seu aliado Ramzan Kadyrov, onde não se deslocava desde 2011. “O Presidente russo, Vladimir Vladimirovich Putin, chegou à República da Chechénia. Está agendado um programa preenchido no âmbito desta visita“, afirmou Kadyrov na plataforma digital Telegram.

A televisão pública russa mostrou imagens da chegada de Putin, que saiu de um helicóptero e foi recebido na pista por Kadyrov e pelos seus assessores mais próximos. “O povo ficará contente. Ficará feliz por o Presidente [russo] ter vindo à República. Para nós, é estimulante, um impulso de energia. É uma grande alegria”, declarou ainda Kadyrov à comunicação social.

Segundo o chefe de Estado checheno, Putin iniciou a visita deslocando-se ao túmulo do seu pai e antecessor na Presidência da Chechénia, Akhmat Kadyrov, morto num atentado perpetrado por rebeldes islamitas em 2004.

A Chechénia foi palco de dois conflitos mortíferos nas décadas de 1990 e 2000, que opuseram as forças federais russas a uma rebelião separatista que gradualmente se tornou islamita, se espalhou por toda a região e, em 2015, jurou fidelidade ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

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A república russa é desde 2007 dirigida por Ramzan Kadyrov, cujas forças são regularmente acusadas de múltiplas violações dos direitos humanos no território.

O paralelo entre o massacre de Beslan e a ofensiva ucraniana em Kursk

A visita de Putin à Chechénia segue-se à efetuada horas antes a Beslan, na Ossétia do Norte, outra república russa do Cáucaso. Nela, o Presidente russo prestou homenagem às vítimas do sangrento sequestro numa escola por um comando islamita checheno.

Aqui, o Presidente russo reuniu-se ainda com a organização “Mães de Beslan”, que representam os familiares das 334 pessoas mortas, entre as quais 186 crianças, no massacre de setembro de 2004. Quase 20 anos depois da tragédia, esta foi apenas a segunda vez que Putin se reuniu com a organização e o primeiro encontro a realizar-se na região — anteriormente tinham-se reunido em Moscovo.

O Kremlin partilhou um vídeo deste encontro, em que é possível ver o chefe de Estado a dirigir-se a três mulheres, apresentando as suas condolências, depois de se ter enganado no número de crianças que foram mortas: afirmou que tinham sido 136 vítimas, quando foram 186.

O Presidente russo continuou, traçando um paralelo entre este massacre e a ofensiva ucraniana em Kursk. “Sempre tentámos ajudar Beslan e vamos continuar a fazê-lo. E os nossos inimigos vão continuar a tentar desestabilizar o nosso país, isso é óbvio. Estamos a combater aqueles que cometem crimes em Kursk, no Donbass e em Novorossiya. E vamos atingir os nossos objetivos na luta contra o neo-nazismo, tal como atingimos na luta contra o terrorismo“, declarou Vladimir Putin.

O massacre de Beslan começou no dia 1 de setembro de 2004, quando terroristas chechenos tomaram controlo de uma escola e fizeram mais de 1100 reféns. Só ao fim de três dias de cerco e negociações falhadas é que as tropas russas entraram na escola. Putin, à data já Presidente, foi profundamente criticado pelo seu silêncio e pela forma como mandou executar as negociações, que as famílias consideraram que permitiu a morte das 334 vítimas.

A visita de Putin ocorre numa altura em que as forças ucranianas lançaram, a 6 de agosto, uma ofensiva terrestre surpresa na região fronteiriça russa de Kursk, apoderando-se de dezenas de localidades. Há forças militares chechenas destacadas na região de Kursk precisamente para repelir essa ofensiva ucraniana.