Foi diagnosticado, em Portugal, o primeiro caso de Febre Hemorrágica da Crimeia-Congo num homem idoso, de 80 anos, que acabou por morrer no Hospital de Bragança, avança a SIC Notícias e confirma a Direção-Geral da Saúde (DGS) através de um comunicado.
“Foi identificado o primeiro caso laboratorialmente confirmado de Febre Hemorrágica da Crimeia-Congo (FHCC), em Portugal”. lê-se na nota divulgada esta sexta-feira. “A DGS, comprometida com a transparência e a comunicação oportuna, esclarece que não há risco de surto nem de transmissão de pessoa para pessoa, evidenciando que se trata de um caso raro e esporádico”, acrescenta.
O homem, de nacionalidade e naturalidade portuguesa, residente no distrito de Bragança, “realizou atividades agrícolas durante o período de incubação, teve início de sintomas a 11 de julho de 2024, tendo sido admitido no Hospital de Bragança por sintomatologia inespecífica e acabou por falecer”.
A DGS informa que as amostras biológicas “foram testadas, post mortem, para vários agentes, incluindo o vírus da FHCC, com resultados positivos a 14 de agosto, pelo laboratório de referência nacional, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge”.
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Segundo a DGS, o vírus que causa a Febre Hemorrágica da Crimeia-Congo (FHCC) “não foi detetado, até agora, em carraças na rede de vigilância entomológica REVIVE, o que indica que o risco para a população é reduzido“.
A autoridade portuguesa informa que a deteção de casos de infeção pelo vírus na Europa tem vindo a aumentar nos últimos anos, “em especial no contexto de aumento das temperaturas médias no sul da Europa e em Portugal”. “Em Espanha, desde 2013 têm sido identificados casos de FHCC, com 16 casos confirmado desde então, os dois últimos em abril e junho de 2024, em comunidades fronteiriças com Portugal“, acrescenta.
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Perante o alerta, as Autoridades de Saúde iniciaram a investigação epidemiológica e a implementação de medidas adequadas, incluindo a identificação de contactos, uma vez que a doença é contagiosa. “Da investigação epidemiológica realizada, o caso não tinha histórico de viagem para fora do país, tendo participado em algumas atividades ao ar livre na área de residência”, informa-se no comunicado.
Além disso, informa que estão ainda em curso as “investigações entomológicas reforçadas para recolha de carraças no distrito de residência do caso, em articulação com as Autoridades de Saúde e o INSA, assim como o seu estudo sobre a eventual deteção de carraças infetadas com o vírus FHCC”.
Face à deteção deste caso, a DGS salienta a importância da adoção de medidas da prevenção da picada de carraças, recomendado, em atividades ao ar livre no campo, a “utilização de roupas de cores claras para que as carraças possam ser vistas e removidas mais facilmente”, o uso de “vestuário de mangas compridas, calças compridas e calçado fechado” e a “utilização de repelente de insetos”, bem como optar por “caminhar, se possível, pela zona central dos caminhos, para evitar o contacto com a vegetação, devendo verificar a roupa
e o corpo relativamente à presença de carraças, após atividades na natureza”.