O capitão do iate de luxo que naufragou há uma semana ao largo da ilha italiana da Sicília está a ser investigado pelo Ministério Público por suspeita de homicídio involuntário múltiplo, de acordo com os meios de comunicação social italianos.

Os procuradores de Termini Imerese, localidade situada na área metropolitana de Palermo, no norte da ilha, anunciaram no fim de semana que estavam a investigar potenciais crimes de “naufrágio involuntário e homicídio negligente múltiplo” na sequência do naufrágio do Bayesian, do milionário britânico da tecnologia Mike Lynch, uma das sete vítimas mortais do desastre, escusando-se a avançar mais detalhes nesta fase da investigação.

Naufrágio de iate na Sicília terá sido causado por um “downburst”. Aberto inquérito por homicídio involuntário por negligência

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A imprensa italiana adianta esta segunda-feira, no entanto, que, após ter sido novamente ouvido no domingo pelas autoridades locais, durante cerca de duas horas, o capitão James Cutfield é suspeito dos presumíveis crimes de naufrágio e homicídio múltiplo por negligência, podendo outros membros da tripulação ser envolvidos na investigação.

Aliás, enquanto os seis passageiros convidados de Lynch que sobreviveram regressaram no domingo a Londres, os nove membros da tripulação do Bayesian permanecem na Sicília, num hotel nas imediações de Porticello.

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Entre as questões que o Ministério Público quer esclarecer — e que diz só ser possível após os escombros da embarcação serem recuperados do fundo do mar — está a demora de mais de meia hora (32 minutos) entre o início do naufrágio e o disparo de um sinalizador de socorro desde um dos botes salva-vidas, ocorrido às 4h38 da madrugada de 19 de agosto, o papel do membro da tripulação que se encontrava de serviço na ponte, que tinha nos ecrãs os últimos avisos meteorológicos e o botão para selar todas as portas e escotilhas do veleiro, e se uma das portas laterais ficou aberta, permitindo a entrada de água.

As autoridades confirmaram que se vai proceder, entre terça e quinta-feira, às autópsias dos sete cadáveres recuperados na sequência do naufrágio por equipas de mergulhadores, numa operação que durou vários dias, face às dificuldades de acesso aos destroços do iate, que se encontra no fundo do mar, a mais de 50 metros de profundidade.

James Cutfield foi um dos 15 sobreviventes do naufrágio do Bayesian, que provocou a morte de sete passageiros. Além de Mike Lynch, 59 anos, e da sua filha Hannah, de 18 anos, morreram o presidente da Morgan Stanley International, Jonathan Bloomer, a sua mulher, Anne Elizabeth Judith Bloomer, um advogado de Lynch, Chris Morvillo, e a sua mulher, Nada Morvillo, e ainda um membro da tripulação, Ricardo Thomas, que trabalhava como cozinheiro a bordo.

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Mike Lynch, apelidado de “Bill Gates britânico”, festejava neste cruzeiro com amigos, sócios e advogados a sua absolvição, em junho passado, num processo de fraude nos Estados Unidos, quando um minitornado atingiu o Bayesian, ancorado ao largo de Porticello, no norte da Sicília, durante uma forte tempestade.

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