Pelo menos 145 pessoas morreram no Chade devido às fortes chuvas e inundações que têm atingido o país desde que começou a estação chuvosa, de acordo com um novo balanço das Nações Unidas.
Num relatório divulgado na quarta-feira, a ONU alertou que as 23 províncias do Chade foram atingidas, com 960 mil pessoas afetadas e cerca de 70 mil casas destruídas, desde o início da estação das chuvas, há mais de dois meses.
A agricultura foi “gravemente afetada” num país que declarou, no início do ano, uma emergência nacional para a segurança alimentar, com 3,4 milhões de pessoas a enfrentarem fome aguda, sublinhou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, numa conferência de imprensa.
As autoridades do Chade, juntamente com as agências da ONU e os parceiros humanitários, mobilizaram ajuda de emergência, mas as inundações estão a dificultar a distribuição.
Atualmente algumas das zonas afetadas só são acessíveis por canoa.
Entre as vítimas mortais estão garimpeiros que atravessam regularmente a vizinha Líbia para extrair ouro de forma irregular no norte do Chade, uma zona desértica rica em minerais.
O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) alertou a 13 de agosto que mais de 716 mil pessoas tinham sido afetadas pelas fortes chuvas durante os dois primeiros meses da estação chuvosa em países da África Ocidental e Central como o Chade, a Nigéria, a República Democrática do Congo e a República Centro-Africana.
O Togo, a Costa do Marfim, a Libéria, o Níger e o Mali também estão a sofrer com as chuvas, que provocaram 699 feridos e 72 mortos, de acordo com os dados do OCHA.
Na sexta-feira passada, o Governo do Mali declarou estado de calamidade nacional, após inundações que já causaram 30 mortos e afetaram 47.374 pessoas desde o início da estação das chuvas, em junho.
No vizinho Níger, as inundações fizeram 217 mortos, 200 feridos e mais de 350 mil afetados, segundo as autoridades.
Os metereologistas previam que a estação das chuvas de 2024 trouxesse precipitações acumuladas acima da média nos períodos de junho a agosto e de julho a setembro em zonas já propensas a inundações no Sahel e em alguns países da África Ocidental.
Esta situação agrava as circunstâncias de uma população já vulnerável devido à pobreza crónica, ao subdesenvolvimento, aos conflitos e à instabilidade política.