O chefe do Governo da Madeira considerou este domingo desnecessária a visita do Presidente da República à região na sequência dos incêndios de agosto e assegurou recusar ceder a “chantagens” para demitir o presidente da proteção civil no arquipélago.

“O que é que ele vem fazer?”, questionou Miguel Albuquerque em declarações aos jornalistas na freguesia da Ponta Delgada, no concelho de São Vicente, onde se deslocou para participar na eucaristia do Bom Jesus, o padroeiro da localidade.

O governante madeirense acrescentou que Marcelo Rebelo de Sousa “não tem nada para ver” na ilha, apenas “mato queimado” e “não houve nenhuma casa nem nenhuma infraestrutura afetada”.

O responsável insular adiantou que o Chefe de Estado lhe telefonou para inteirar-se da situação e lhe deu as explicações necessárias, opinando que este assunto “está arrumado”.

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Sobre a situação de algumas forças e entidades estarem a pedir a demissão de responsáveis da proteção civil regional, criticando a estratégia adotada para combater os incêndios de agosto na ilha, respondeu: “Não estou sujeito a chantagens nem posso trabalhar em função da chantagem”.

“Se querem um líder do governo a deambular consoante aquilo que se diz na internet ou os gostos momentâneos da opinião pública, nós ficamos sem rumo”, acrescentou.

Albuquerque enfatizou que alguém tem de demonstrar “que houve negligência ou incompetência na gestão dos incêndios”.

“Eu não vou por preconceitos, nem aquilo que se diz nas redes sociais. Temos que olhar para a realidade”, vincou, sustentando que o combate a um incêndio como o que deflagrou a 14 de agosto, na Serra de Água, no município da Ribeira Brava e se propagou nos dias seguintes aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana, que teve focos ativos durante 13 dias, “faz-se através da contenção”.

O responsável insular destacou que “os resultados estão à vista”, porque não houve vítimas mortais, nenhuma infraestrutura ou casa afetadas e “só um núcleo residual da Laurissilva foi afetado”.

“A minha função é fazer tudo aquilo que acho, dentro do quadro que foi votado do programa do Governo [Regional] aprovado no parlamento, para manter uma linha de rumo para a Madeira”, sublinhou.

Miguel Albuquerque destacou que a população na Madeira quer estabilidade e “manter o rumo” e “não entenderia que por questões marginais, houvesse instabilidade” na região.

“Não podemos andar aqui a saltitar e aos ziguezagues em função dos humores do momento, sobretudo humores que muitas vezes não refletem a maioria” dos madeirenses, opinou.

Segundo o presidente do executivo regional, as pessoas só lhe podem exigir que “cumpra aquilo que são os princípios consignados no programa e que foram sufragados pela população”.

Albuquerque informou que ainda não recebeu o requerimento para marcar presença na audição no Parlamento da Madeira para explicações sobre a gestão dos incêndios

“Eu ainda não vi. Ainda não decidi e tenho de analisar, depois vou tomar a decisão. Nunca fugi ao escrutínio”, reforçou.

O líder social-democrata madeirense sublinhou “não ter medo de nada e muito menos do parlamento”, salientando que todos os meses participa em debates na Assembleia da Madeira.

A festa do Bom Jesus da Ponta Delgada, na Madeira, é a segunda mais importante da região, depois da do Monte, a padroeira da ilha que se comemora a 15 de agosto, realçou.