O Papa Francisco embarcou esta segunda-feira na mais longa viagem do seu pontificado. São 44 horas de voo e mais de 32 mil quilómetros, que o chefe da Igreja Católica, de 87 anos, vai percorrer ao longo das próximas quase duas semanas para visitar quatro países no sudeste asiático e na Oceânia: Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura.

Francisco partiu de Roma pelas 17h15 desta segunda-feira (16h15 em Lisboa) rumo a Jacarta, capital da Indonésia, onde deverá aterrar pelas 11h30 de terça-feira, horário local. O líder católico tem na agenda de terça-feira apenas uma breve cerimónia de acolhimento no aeroporto de Jacarta, seguindo-se depois um período de descanso para Francisco recuperar da longa viagem de avião; o programa oficial só começa na manhã de quarta-feira com uma visita ao palácio presidencial.

Esta é a 45.ª viagem internacional do Papa Francisco e, à exceção de Timor-Leste, passará essencialmente por países onde os católicos são uma minoria. De acordo com a Agência Ecclesia, Francisco vai aproveitar esta viagem para reforçar assuntos de relevo global, incluindo o diálogo inter-religioso, a questão dos refugiados e o combate às alterações climáticas.

“São países entre o oceano e o céu, mares e montanhas, minerais preciosos, florestas. Podemos esperar uma reflexão sobre o cuidado com a Criação e a vida digna do homem”, resumiu o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, na sexta-feira.

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De acordo com o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, o Papa Francisco pretende aprofundar “o tema da proximidade, um conceito que caracteriza de forma tão profunda o estilo do seu pontificado, e do qual as viagens apostólicas são uma expressão significativa: proximidade para escutar, proximidade para partilhar o fardo das dificuldades, dos sofrimentos e das esperanças dos povos, e proximidade para para levar a todos a alegria, a consolação e a esperança do Evangelho”.

“Os territórios que o Papa vai visitar são caracterizados por uma multiplicidade de culturas, denominações e tradições religiosas”, disse Parolin ao Vatican News, sublinhando especialmente o caso da Indonésia, uma nação em que “as relações entre os vários grupos têm sido, fundamentalmente, marcadas pela aceitação do outro, pelo respeito mútuo, pelo diálogo e pela moderação”.

A visita de Francisco passa também por Timor-Leste, um país atualmente a viver o 25.º aniversário da independência. Para Parolin, a fé cristã “teve um papel decisivo” nos esforços de independência há 25 anos e pode agora “inspirar os timorenses a transformar a sociedade, a ultrapassar divisões, a combater eficazmente a desigualdade e a pobreza e a contrariar fenómenos negativos como a violência entre os jovens e a violação da dignidade das mulheres”.

Francisco pretende também destacar Singapura como “exemplo de coexistência pacífica na sociedade multicultural e multi-religiosa contemporânea”.

De acordo com o programa oficial da viagem, o Papa Francisco estará dois dias na Indonésia, onde tem na agenda reuniões diplomáticas, encontros com a comunidade católica, uma missa de grandes dimensões e também um encontro inter-religioso numa mesquita. Esse será um dos momentos mais simbólicos da viagem: Francisco estará na mesquita Istiqlal, a maior mesquita do sudeste asiático e uma das maiores mesquitas do mundo. A mesquita está ligada à catedral de Santa Maria da Assunção, também em Jacarta, por um túnel chamado “Túnel da Amizade” — aberto em 2019 para simbolizar a amizade entre as duas religiões.

De Jacarta, o Papa segue para Port Moresby, na Papua-Nova Guiné, onde terá também encontros com as autoridades civis, a comunidade católica e os responsáveis eclesiásticos.

Em Timor-Leste, onde chega na segunda-feira, dia 9 de setembro, Francisco vai visitar uma escola religiosa onde estudam crianças com deficiência, vai visitar os jesuítas locais e vai ter também celebrações com a comunidade católica local. Por fim, Francisco viaja até Singapura, onde o tema central será o encontro com pessoas envolvidas no diálogo inter-religioso e onde celebrará uma missa num estádio desportivo.

Francisco estará de regresso a Roma na sexta-feira, dia 13 de setembro.