Depois de ter gerado alguma confusão, ao demonstrar abertura para encerrar ou alienar marcas que dessem prejuízo, a Stellantis fez marcha-atrás e declarou agora que não pretende desfazer-se de nenhuma das 14 insígnias que compõem o grupo resultante da fusão das antigas PSA e Fiat Chrysler Automobiles (FCA). Mais do que isso, o grupo liderado pelo português Carlos Tavares reafirmou o compromisso de manter, pelo menos até ao princípio da próxima década, todas as marcas que integravam o portefólio do conglomerado à data da constituição da Stellantis, em 2021.

O primeiro semestre deste ano não correu bem para a Stellantis, sobretudo devido ao comportamento da fatia norte-americana das 14 marcas do grupo, com a facturação total a cair 40%. Isto levou Carlos Tavares a lançar uma espécie de ultimato, admitindo vender ou fechar as marcas que não apresentassem lucros.

CEO da Stellantis vai encerrar marcas sem lucros

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Esta estratégia ia contra o que o gestor português tinha prometido anos antes, quando garantiu, em 2019, que não iria desfazer-se de nenhuma das marcas dos dois grupos em negociações para formar a Stellantis, nomeadamente os franceses da PSA e os italo-americanos da FCA. Mas a administração do 4.º maior grupo automóvel do mundo (2.º europeu) parece ter preferido optar por uma “chicotada psicológica”, para motivar as equipas à frente dos construtores problemáticos a aplicarem-se a fundo.

Accionistas processam Carlos Tavares e Stellantis por redução de lucros

Recorde-se que o anúncio da redução de 40% na facturação e a ameaça às marcas deficitárias suscitaram diversas reacções, com destaque para um grupo de accionistas que decidiu processar a Stellantis (além do CEO e do CFO) no tribunal de Nova Iorque. As surpresas não ficaram por aí, pois também os herdeiros do fundador da Chrysler revelaram ter enviado uma carta à Stellantis, de que são accionistas, propondo a recompra das marcas norte-americanas Chrysler, Dodge e Plymouth, entre outras, que foram integradas na FCA em 2014, quando a Fiat adquiriu 58,5% do Grupo Chrysler.