Todo o quarteirão da antiga Pastelaria Suiça na praça do Rossio, no coração da Baixa Pombalina em Lisboa, renovado e pronto para uma nova vida. A Inditex tomou conta de, pelo menos, quatro pisos onde se podem encontrar uma loja que concentra Zara e Zara Home num total de cinco mil metros quadrados de área comercial. E se pelo meio das compras precisar de uma bebida, a loja conta com um corner no piso zero que dá pelo nome de pastelaria Zara by Castro, onde se podem saborear pastéis de nata e bebidas. A abertura desta mega loja vai ditar o fim de outras duas lojas Zara nos arredores, já que o espaço da Rua Augusta passará a ser uma Bershka, e no do Chiado instalar-se-á a Massimo Dutti.

O momento é impactante para o grupo Inditex. Trata-se do “expoente máximo das lojas Zara”, segundo foi dito ao grupo de imprensa logo no início de uma visita guiada pelo novo espaço na manhã desta quarta-feira. Há quatro pisos, nos 0, 1 e 2 estão as coleções de homem e mulher, o 3º está reservado a crianças e Zara Home. Diz quem conhece bem o espaço que serão precisos 45 minutos para o percorrer na totalidade, mas sem contar com tempo para apreciar coleções e cheirar perfumes. As criações estão alojadas pelos pisos e há móveis de perfumaria junto às caixas e blocos dedicados a acessórios espalhados pelo espaço. Esta loja vai contar com cerca de 280 colaboradores, incluindo pessoas que se movem de outras lojas e 145 novas contratações.

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A ideia de que esta poderá ser a segunda maior Zara do mundo não foi confirmada ao Observador pela Inditex, que reforça os cinco mil metros de superfície comercial e o facto de que “este novo espaço no Rossio integra duas lojas, Zara e Zara Home, numa única loja que se destaca pelo carácter singular e emblemático do edifício”. O grupo espanhol não revela o valor investido neste projeto, mas destaca o que a loja trará de novo para a experiência do consumidor. “A Zara Rossio é o expoente de um conceito comercial baseado em lojas amplas e equipadas com as mais avançadas ferramentas tecnológicas com o objetivo de elevar os níveis de serviço, eficiência e sustentabilidade”, diz uma fonte oficial do grupo ao Observador.

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O facto de a loja ocupar todo o quarteirão permite ter janelas à volta de todo o edifício e o espaço inundado de luz natural. No piso 0 (zero) podem ser vistas coleções cápsula de homem e mulher. Há um recanto na loja, e com entrada pela Praça da Figueira, onde uma parceria com a Castro – Atelier de Pastéis de Nata (do grupo Plateform) permitiu a criação da pastelaria Zara by Castro. Um balcão, três mesas e um menu com pastéis de nata e algumas bebidas convida a uma pausa nas compras ou a um encontro informal antes de arrancar para uma visita ao espaço. No piso 1 dão-se a conhecer as coleções informais, no caso masculino podem encontrar-se as coleções de denim e desporto. No caso feminino há uma seleção de peças pensadas para o dia-a-dia e ainda uma surpresa. Numa das pontas deste piso há uma área dedicada à coleção de lingerie Zara. Embora estas criações já estejam disponíveis nas lojas do Centro Comercial Colombo, em Lisboa, e na loja de Santa Catarina, no Porto, agora no espaço do Rossio ganham destaque num ambiente estilo boudoir pensado para se distinguir do resto da loja.

A pastelaria Zara by Castro, no interior da loja

No segundo piso, já o terceiro desta visita, estão as coleções tendência de mulher. Neste piso está ainda reservada uma zona onde se concentra o calçado e as carteiras de senhora, de forma a proporcionar uma experiência mais personalizada às clientes. Há também uma área dedicada em especial às coleções de beleza, onde mostradores com maquilhagem se destacam entre paredes com frescos recuperados e em motivos vegetais a marcar a diferença do ambiente. É também aqui que se encontra uma zona dedicada à tecnologia, ou seja, a entrega de encomendas online e uma nova funcionalidade que permite fazer devoluções online numa espécie de self-service, com um ecrã tátil que funciona com QR Code, imprime etiquetas e junto do qual é possível deixar as peças a devolver. Para as pessoas com menos afinidade com tecnologia, importa saber que haverá alguém por perto para dar uma ajuda. É preciso chegar ao segundo piso para encontrar os provadores que, vale a pena dizer, são 32 “provadores inteligentes”, com tecnologia que já se pode encontrar em outras lojas. Ali perto estão também caixas de pagamento e, embora haja caixas em todos os pisos, a ideia é que a combinação de provadores e pontos de pagamento sejam o passo final da experiência de comprar nesta loja.

O terceiro piso está dividido entre as crianças e a casa. Ou seja, é ali que estão as coleções de roupa e acessórios para os mais pequenos. Há uma zona com uma tenda e uns rolos gigantes preparados para clientes irrequietos e há também produtos com mensagens alusivas ao Rossio em cápsulas de edição limitada. À entrada do que podemos chamar o espaço Zara Home um mural do artista Bruno Grizo em azulejos Viúva Lamego dá as boas-vindas aos clientes. Lá dentro a loja está dividida em espaços, como se de uma casa se tratasse. Há uma sala de jantar, uma cozinha, um escritório e até uma banheira com vista que convidam à experienciar o ambiente Zara Home e depois há, claro, espaço para exposição de produtos para venda.

A Inditex alerta para o cuidado com a sustentabilidade e afirma que a loja usa energia renovável e sistemas para garantir que o espaço consume o mínimo possível. Assim como alerta para as alterações que foram feitas nas embalagens, trocando o plástico por cartão.

É notória a herança de uma vida anterior deste edifício. Há recantos na loja que em outros tempos foram lareiras, há elevadores antigos onde ainda brilha a arte de trabalhar o ferro, há escadas que requerem exercício físico e também em versão rolante. A marca destaca o esforço para integrar as marcas Zara e Zara Home no mesmo espaço e por isso é possível encontrar objetos de decoração na loja de roupa.

“O proprietário levou a cabo uma recuperação extraordinária. A intervenção arquitetónica procurou transmitir toda a riqueza histórica do edifício e as várias utilizações que, ao longo dos anos, tiveram lugar entre as suas paredes. A tradição artesanal e o saber-fazer português estão refletidos nos materiais e elementos de construção do edifício, bem como no design de interiores, conferindo um caráter único a cada espaço desta loja”, diz fonte oficial da Inditex horas antes da abertura.

O projeto de arquitetura da loja tem assinatura de Elsa Urquijo Arquitectos, um atelier com base em A Corunha, e a arquiteta conta ao Observador que já trabalhou com a Inditex em vários outros projetos, como flagship stores em Nova Iorque, Hong Kong, Londres ou Viena. “O primeiro [passo] foi tentar perceber o valor a tudo que havia, toda a riqueza arquitetónica que havia e que estava tão ligada à cidade de Lisboa, a estrutura pombalina, os muros pombalinos”, diz a arquiteta Elsa Urquijo durante a visita ao espaço. “É uma loja, então tem de ter em geral uma movimentação fluida, toda uma circulação periférica para que o trânsito seja cómodo”, explica a arquiteta e acrescenta que a iluminação “é uma linha de luz que une tudo”. A autora do projeto destaca que podemos encontrar neste local “a pedra de Lioz de Sintra” ou “os tetos em madeira muito típicos da arquitetura pombalina”, que foram totalmente redesenhados e integrados no projetos e ainda os azulejos Viúva Lamego como alguns dos elementos tipicamente portugueses.