Não era aquela medalha esperada, era mais uma medalha possível. Sandro Baessa entrava na final dos 1.500 metros T20 com o quarto registo, quase como se estivesse destinado a terminar naquela que é a posição mais cruel numa qualquer competição dos Jogos Paralímpicos. Não estava. Não estava e fez questão de mostrar que não estava com uma prova fantástica onde nunca andou na frente mas soube perceber da melhor forma quando deveria atacar para resgatar o pódio e acabou mesmo com a prata na manhã desta sexta-feira, naquela que foi a quinta medalha da Missão em Paris-2024 depois de dois ouros e de dois bronzes.
MEDALHA DE PRATA!
Sandro Baessa sagrou-se vice-campeão paralímpico, conquistando a medalha de prata ????na prova de 1500m T20, com o tempo de 3m49,46s.
Esta é a quinta medalha dos #ParalímpicosPT em @Paris2024, a primeira de prata.
Muitos parabéns, Sandro! ???????????? pic.twitter.com/z7wd4vJ9PR— IPDJ I.P. (@IPDJ_IP) September 6, 2024
Com um pormenor curioso no arranque em que ficou na ponta de fora dos sete atletas presentes mas com a preocupação de “alertar” o italiano Ndiaga Dieng para a iminência do tiro de partida, o atleta do Clube de Futebol de Oliveira do Douro andou a primeira volta mais na cauda do grupo com o norte-americano Michael Branningan a vir rápido para a frente para marcar o ritmo tendo o britânico Ben Sandilands por perto e Dieng a ter de acelerar para não descolar em demasia do grupo que estava a ficar desenhado. Nem mesmo perante esse cenário Sandro Baessa alterou a estratégia que trazia, permanecendo com uma margem recuperável para o grupo da frente enquanto os restantes atletas começavam a ceder a partir dos 800 metros.
Na última volta, tudo mudou: Dieng quis atacar Branningan na frente a esticar ao máximo ainda longe do final, Sandilands saltou para a liderança num ritmo que lhe permitiria ganhar uma vantagem confortável para novo recorde mundial (3.45,40) e só mesmo em cima da linha de meta se percebeu a recuperação conseguida por Sandro Baessa, que atacou nos 200 metros finais perante uma dupla em quebra para resgatar a medalha de prata (3.49,46), à frente de Branningan (3.49,91) e Dieng (3.50,24). O português conseguiu estabelecer um novo recorde pessoal mais de três segundos abaixo da anterior melhor marca (3.52,84).
????????WORLD RECORD ALERT!
????????Ben Sandilands is the new Paralympic champion in the men's 1500m T20, he sets a new world record of ⏰3:48.81
????Sandro Baessa????????
????Michael Branningan????????#ParaAthletics @Paris2024 @Paralympics @BritAthletics @ParalimpicosPT @USParaTF pic.twitter.com/1X2fVa2348— Para Athletics (@ParaAthletics) September 6, 2024
Sandro Baessa alcançou assim o melhor resultado da carreira aos 25 anos, depois de ter acabado a presença em Tóquio-2020 com um sétimo lugar nos 400 T20 e uma 12.ª posição nos 1.500 metros T20. O atleta natural do Porto, que tem Rui Pinto como treinador e ocupa nesta fase o quarto lugar do ranking mundial, já somara outros pódios internacionais em Mundiais, com prata em 2019 e 2024 e bronze em 2023.
Está assim confirmada uma “viragem” naquilo que estava a ser um trajeto descendente na Missão nacional em Jogos Paralímpicos, com esta quinta medalha a ser o melhor resultado desde Pequim-2008 com sete pódios (contra três em Londres-2012, quatro no Rio-2016 e duas em Tóquio-2020). Em paralelo, Portugal não alcançava dois ouros desde Atenas-2004, quando somou mais cinco pratas e cinco bronzes. Miguel Monteiro no atletismo (ouro), Cristina Gonçalves no boccia (ouro), Diogo Cancela na natação (bronze) e Luís Costa no ciclismo (bronze) conseguiram as outras medalhas nesta edição de Paris-2024.