O líder do PS surgiu esta quinta-feira a dizer que o PS só precisa de “condições mínimas” para viabilizar o Orçamento do Estado para o próximo ano e que “não tem ambição ” de “substituir o Governo, nem de ser responsável por metade do Orçamento”. Apesar de tudo, Pedro Nuno Santos voltou a repetir as linhas vermelhas que tem assinalado mais recentemente: o Orçamento não pode ter a redução do IRC e o IRS Jovem pensados pelo Governo.
De todo o modo, há uma condição para que as negociações prossigam: a presença de Luís Montenegro. “Espero que numa próxima reunião o primeiro-ministro esteja presente porque acho que é muito importante que os líderes políticos do PS e do Governo se comprometam com a negociação”, afirmou Pedro Nuno Santos aos jornalistas, à margem de uma visita a uma escola no início do ano letivo.
“Acho importante que tanto eu como o primeiro-ministro estejamos presentes na próxima reunião”, anotou de novo apontando mesmo como exemplo o que se passava no tempo de “geringonça” em que era “António Costa a dar o pontapé de saída” nas negociações.
[Ouça aqui a reportagem da Rádio Observador]
Esta semana, o Observador tinha escrito sobre esta mesma intenção do PS — mais tarde Alexandra Leitão veio sugerir que os socialistas não queriam impor modelos ao PSD, ainda que Pedro Nuno Santos tenha agora esclarecido que quer mesmo que Luís Montenegro se sente à mesa com ele. Os contactos que ambos tiveram sobre matérias orçamentais foram infrutíferos até aqui, como noticiou o Observador.
Quanto ao concreto das negociações, o socialista voltou a dizer que o PS não aceita o IRS Jovem e o IRC nos modelos propostos pelo PSD, argumentando que são “políticas erradas” e “gravosas”. O PS quer manter o IRS Jovem que está em vigor e Pedro Nuno santos argumentou que “não há razão para o alargar”. Quanto ao IRC, o socialista vincou novamente que o PS só aceita uma redução seletiva, ou seja, reduzir apenas o imposto para empresas que reinvistam lucros, apostem na inovação ou, por exemplo, aumentem salários. Esta quinta-feira, em entrevista ao Público e à Renascença, o ministro dos Assuntos Parlamentares admitiu um “encontro a meio caminho” nestas medidas, mas o socialista não as quer no Orçamento.
Ao mesmo tempo, Pedro Nuno Santos garantiu que o PS não tem pretensão de definir “5o% do Orçamento” nem tem “ambição” de se “substituir o Governo, nem ser responsável por metade do Orçamento”. “Não vamos corrigir o Orçamento todo”, reconheceu o secretário-geral socialista, dizendo, ainda assim, que o PS tem de sentir que tem “condições mínimas para [o] viabilizar”.
O PS ficou de apresentar propostas ao Governo, cuja expectativa é que cheguem até ao final da semana. Pedro Nuno Santos não se comprometeu com um prazo e disse apenas que essas medidas serão apresentadas quando o PS “estiver em condições de o fazer”.
Pedro Nuno diz que Governo “criou ilusão” na Escola Pública
Esta manhã, o líder do PS assinalou o arranque do ano letivo com uma visita a uma escola em Alcabideche, em Cascais, e saudou o primeiro-ministro por ter “percebido que levará muito tempo” a resolver o problema de falta de professores, “coisa que não dizia há um ano”. Pedro Nuno Santos diz que a realidade das escolas o “preocupa profundamente” e criticou o Governo por ter criado “ilusão” de que tudo se resolveria já.
“O problema é estrutural e levará tempo”, disse o socialista, que considera que “foi criada a ilusão, como o Governo já tinha feito na saúde, que na Educação, com o plano apresentado, de que este ano seria melhor”. Foi pior. Todos temos de assumir problema estrutural”, lamentou Pedro Nuno Santos.
Ainda que assuma que ao fim de oito anos de governação socialista a Escola Pública ainda tem “problemas para resolver”, o socialista disse que “têm vindo a ser resolvidos” e que é preciso continuar esse caminho, recordando, a título de exemplo, a colocação de 20 mil professores lançada ainda pelo PS.
PS vai à reunião com Governo mesmo sem dados que exigiu. Negociações só prosseguem com Montenegro