Depois da troca de comunicados do fim de semana, Pedro Nuno Santos reafirmou a vontade do PS se sentar à mesa com o Governo e garante estar disponível para viabilizar o Orçamento do Estado para 2025 mas desde que haja “cedências” da parte do Executivo.

No fim de semana, Governo e PS trocaram comunicados públicos com acusações mútuas de indisponibilidade em agendar negociações. Esta segunda-feira, em Oliveira de Azeméis, no âmbito de uma visita às zonas mais afetadas pelos incêndios dos últimos dias, Pedro Nuno Santos disse não querer contribuir para a “provocação infantil” que imputa ao Governo. E reitera que houve sempre disponibilidade do PS em negociar — tanto que a data de sexta-feira foi proposta pelos socialistas. O que Pedro Nuno diz querer garantir é que seja dado conhecimento público das reuniões para evitar acusações da oposição de falta de transparência. “Não há reuniões secretas entre PS e Governo. Todo o trabalho que é feito entre PS e Governo é do conhecimento público.”

Em clima de troca de acusações, Montenegro e Pedro Nuno marcam reunião para a próxima sexta

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Pedro Nuno Santos não quis adiantar que matérias vai levar à mesa de negociação com o primeiro-ministro. Mas voltou a sinalizar abertura para viabilizar um OE do PSD.

“Estamos disponíveis para viabilizar um Orçamento do Estado do PSD, obviamente que isso implica cedências da parte do Governo”, afirmou, acrescentando depois que “não é por causa do PS que não haverá OE, só não haverá se o Governo não quiser. Só haverá eleições antecipadas se o Governo ou o Presidente da República quiserem.”

Montenegro “concentrado na agenda populista do Chega”

Pedro Nuno Santos diz que Luís Montenegro está “concentrado na agenda populista do Chega” em vez de estar focado no que é “verdadeiramente essencial” na prevenção e no combate aos incêndios. Há uma semana, o chefe do Governo garantiu que o Executivo não vai “largar estes criminosos” e também atirou aos que “em nome de interesses particulares, são capazes de colocar em causa os direitos, as liberdades, as garantias e a própria vida dos cidadãos e são capazes de empobrecer o país”.

Montenegro anunciou a criação de uma “equipa especializada em aprofundar” a investigação criminal sobre incêndios florestais, com a PGR e as forças de investigação criminal que, segundo foi noticiado, já existe há três anos.

Questionado sobre se entende que a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, sai fragilizada da gestão dos incêndios, Pedro Nuno Santos diz que “não precisa de ser o líder do PS” a dizê-lo. “Ouvimos autarcas do PSD, comentadores próximos do PSD a fazer a crítica à ministra”, disse. As críticas “têm um limite a partir do qual a responsabilidade é de quem fez a escolha e de quem mantém. O primeiro-ministro não está isento de críticas neste processo”.

Luís Montenegro “devia estar preocupado em reunir peritos, em saber o que é preciso fazer em termos de prevenção e combate” em vez de estar “apenas focado num fator” (a detenção de incendiários) que “não é irrelevante mas nos últimos 10 anos triplicaram as detenções de incendiários”, afirmou.