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As Forças de Defesa Israelitas (IDF, na sigla em inglês) confirmaram na madrugada desta segunda para terça-feira que estão a realizar uma operação terrestre no Líbano, que classificaram como “limitada e localizada”. Contudo, a informação já tinha sido avançada horas antes por oficiais norte-americanos, que foram informados por Telavive da operação, tendo a administração de Joe Biden vindo confirmar que concorda com a iniciativa.
“De acordo com a decisão do círculo político, há algumas horas, as IDF começaram incursões terrestres limitadas localizadas e com alvos baseados em informações precisas contra alvos e infraestruturas terroristas do Hezbollah no sul do Líbano. Estes alvos estão localizados em localidades próximas da fronteira e colocam uma ameaça imediata às comunidades israelitas no norte de Israel”, pode ler-se no comunicado, publicado às 2h00, hora local (meia noite em Portugal Continental).
No mesmo comunicado, as IDF dão à operação o nome “Setas do Norte”, acrescentando que estão a seguir um “plano metódico” e que as tropas no solo terão o apoio da Força Aérea e da Artilharia. A ofensiva no norte de Israel vai desenvolver-se “em paralelo com o combate em Gaza e noutras arenas”, até serem “atingidos os objetivos da guerra”.
In accordance with the decision of the political echelon, a few hours ago, the IDF began limited, localized, and targeted ground raids based on precise intelligence against Hezbollah terrorist targets and infrastructure in southern Lebanon. These targets are located in villages…
— Israel Defense Forces (@IDF) September 30, 2024
Durante a madrugada desta terça-feira, e já depois de ter falado com o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, veio confirmar que os EUA apoiaram a iniciativa: “Concordámos com a necessidade de desmantelar a infraestrutura de ataque ao longo da fronteira para garantir que o Hezbollah libanês não possa realizar ataques ao estilo de 7 de outubro contra comunidades no norte de Israel”, disse Lloyd Austin.
Ainda assim, uma nota do Conselho de Segurança Nacional norte-americano mencionava que, ainda que a decisão de Israel esteja “alinhada” com a sua necessidade de se “defender”, tem “riscos” relativos à expansão do conflito no Médio Oriente.
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A confirmação da ofensiva israelita seguiu-se a uma reunião do Conselho de Segurança israelita. Contudo, a informação tinha sido tornada pública pelos Estados Unidos durante a tarde de segunda-feira, depois de oficiais norte-americanos terem avançados aos media nacionais que tinham sido informados dos planos de Telavive.
Esta informação foi confirmada pelo porta-voz do Departamento de Defesa, Matthew Miller. “Conversámos com eles sobre essas operações, mas o tempo, o propósito — vou deixá-los falar sobre isso. Informaram-nos das operações e disseram-nos que são limitadas, focadas em infraestruturas do Hezbollah perto da fronteira.”, explicou Miller, em conferência de imprensa.
Horas depois, a informação era corroborada pela Casa Branca. “Nós compreendemos que o propósito estratégico disto é garantir que o Hezbollah não pode manter a capacidade de atacar as comunidades israelitas do outro lado da fronteira”, afirmou a assessora de imprensa, Karine Jean-Pierre, repetindo as afirmações de Miller sobre diálogo constante entre Telavive e Washington e atirando para as IDF detalhes sobre as suas próprias operações.
Como relataram as IDF, a decisão só foi formalizada, depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu executivo se terem reunido no Conselho de Segurança e aprovado “uma nova fase” da guerra. Contudo, a reunião ficou marcada pelas críticas de vários ministros ao facto de os Estados Unidos terem sido informados e terem revelado os planos de Telavive aos media. Em resposta, Netanyahu pediu aos seus ministros que se mantivessem em silêncio sobre as decisões até declarações oficiais, relata o Time of Israel. O pedido foi repetido depois pelo porta-voz das IDF, Daniel Hagari, que pedia silêncio sobre as movimentações, para segurança das tropas.
Movimentações essas que chegaram a ser relatadas em publicações, mais tarde apagadas, tanto pelos media israelitas como por deputados do Knesset, o parlamento israelita. No terreno, tanques israelitas estacionaram ao fim da tarde junto à fronteira, numa zona declarada como “zona militar restrita”, e dispararam durante várias horas sobre várias localidades libanesas fronteiriças, matando pelo menos 59 pessoas. Perante estas movimentações, o exército libanês acabou por retirar das suas posições, reagrupando cinco quilómetros a norte da fronteira.