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As Forças de Defesa Israelitas (IDF, na sigla em inglês) confirmaram na madrugada desta segunda para terça-feira que estão a realizar uma operação terrestre no Líbano, que classificaram como “limitada e localizada”. Contudo, a informação já tinha sido avançada horas antes por oficiais norte-americanos, que foram informados por Telavive da operação, tendo a administração de Joe Biden vindo confirmar que concorda com a iniciativa.

“De acordo com a decisão do círculo político, há algumas horas, as IDF começaram incursões terrestres limitadas localizadas e com alvos baseados em informações precisas contra alvos e infraestruturas terroristas do Hezbollah no sul do Líbano. Estes alvos estão localizados em localidades próximas da fronteira e colocam uma ameaça imediata às comunidades israelitas no norte de Israel”, pode ler-se no comunicado, publicado às 2h00, hora local (meia noite em Portugal Continental).

No mesmo comunicado, as IDF dão à operação o nome “Setas do Norte”, acrescentando que estão a seguir um “plano metódico” e que as tropas no solo terão o apoio da Força Aérea e da Artilharia. A ofensiva no norte de Israel vai desenvolver-se “em paralelo com o combate em Gaza e noutras arenas”, até serem “atingidos os objetivos da guerra”.

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Durante a madrugada desta terça-feira, e já depois de ter falado com o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, veio confirmar que os EUA apoiaram a iniciativa: “Concordámos com a necessidade de desmantelar a infraestrutura de ataque ao longo da fronteira para garantir que o Hezbollah libanês não possa realizar ataques ao estilo de 7 de outubro contra comunidades no norte de Israel”, disse Lloyd Austin.

Ainda assim, uma nota do Conselho de Segurança Nacional norte-americano mencionava que, ainda que a decisão de Israel esteja “alinhada” com a sua necessidade de se “defender”, tem “riscos” relativos à expansão do conflito no Médio Oriente.

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A confirmação da ofensiva israelita seguiu-se a uma reunião do Conselho de Segurança israelita. Contudo, a informação tinha sido tornada pública pelos Estados Unidos durante a tarde de segunda-feira, depois de oficiais norte-americanos terem avançados aos media nacionais que tinham sido informados dos planos de Telavive.

Esta informação foi confirmada pelo porta-voz do Departamento de Defesa, Matthew Miller.  “Conversámos com eles sobre essas operações, mas o tempo, o propósito — vou deixá-los falar sobre isso. Informaram-nos das operações e disseram-nos que são limitadas, focadas em infraestruturas do Hezbollah perto da fronteira.”, explicou Miller, em conferência de imprensa.

Horas depois, a informação era corroborada pela Casa Branca. “Nós compreendemos que o propósito estratégico disto é garantir que o Hezbollah não pode manter a capacidade de atacar as comunidades israelitas do outro lado da fronteira”, afirmou a assessora de imprensa, Karine Jean-Pierre, repetindo as afirmações de Miller sobre diálogo constante entre Telavive e Washington e atirando para as IDF detalhes sobre as suas próprias operações.

Ministro da Defesa de Israel diz que próxima fase da guerra contra Hezbollah “começará em breve”. Como será a “operação terrestre limitada”?

Como relataram as IDF, a decisão só foi formalizada, depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu executivo se terem reunido no Conselho de Segurança e aprovado “uma nova fase” da guerra. Contudo, a reunião ficou marcada pelas críticas de vários ministros ao facto de os Estados Unidos terem sido informados e terem revelado os planos de Telavive aos media. Em resposta, Netanyahu pediu aos seus ministros que se mantivessem em silêncio sobre as decisões até declarações oficiais, relata o Time of Israel. O pedido foi repetido depois pelo porta-voz das IDF, Daniel Hagari, que pedia silêncio sobre as movimentações, para segurança das tropas.

Movimentações essas que chegaram a ser relatadas em publicações, mais tarde apagadas, tanto pelos media israelitas como por deputados do Knesset, o parlamento israelita. No terreno, tanques israelitas estacionaram ao fim da tarde junto à fronteira, numa zona declarada como “zona militar restrita”, e dispararam durante várias horas sobre várias localidades libanesas fronteiriças, matando pelo menos 59 pessoas. Perante estas movimentações, o exército libanês acabou por retirar das suas posições, reagrupando cinco quilómetros a norte da fronteira.