Um discurso carregado de recados com leituras nacionais e locais. Sem nunca o referir abertamente, mas tendo sempre como pano de fundo o impasse orçamental que se vive no país e o próprio combate político que se vai travando na Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas defendeu que os portugueses não podem estar “reféns de ansiedades pessoais e partidárias”.

“Quantas vezes na nossa história nos desviámos do caminho porque foram preferidas vaidades pessoais e interesses partidários em vez do bem-comum ou do interesse nacional? Hoje, quando tanto se fala de bloqueios e de travar medidas essenciais para o futuro do país, devemos ser claros: o país não pode parar. O país não pode ficar refém de ansiedades pessoais e partidárias. É o estado do país e não os estados de alma que devem guiar os líderes políticos”, começou por dizer Carlos Moedas, no discurso que assinalou o 114.º aniversário da Implantação da República.

Numa parte do discurso dedicada ao tema da imigração, Carlos Moedas anunciou que os serviços da autarquia conseguiram encontrar alojamento para todas as pessoas em situação de sem abrigo concentradas junto à Igreja dos Anjos. Antes desse anúncio, Moedas tinha denunciado a “inércia” e “irresponsabilidade” que conduziu a uma situação-limite em termos de imigração.

“Esta irresponsabilidade aumenta a desconfiança na nossa sociedade e alimenta os extremismos de um lado e de outro. Precisamos de uma política de imigração que valoriza e traz dignidade a quem chega ao nosso país. Queremos acolher, mas também esperamos de quem vem que se saiba e queira integrar. Que respeite a nossa cultura aberta e os nossos valores europeus”, sublinhou

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O presidente da Câmara Municipal de Lisboa insistiu também no reforço das competências da Polícia Municipal “Hoje temos a oportunidade de fazer mais e melhor pela segurança das pessoas. Foi também uma sensação de insegurança e de impunidade que fez ruir a jovem República portuguesa. Temos por isso de levar a sério aqueles que sentem uma certa impunidade nas ruas e uma fraca resposta do Estado.”

“É preciso dizê-lo: não queremos um Estado omnipotente, que tudo pretende fazer; mas queremos um Estado com autoridade para fazer cumprir a lei. Hoje temos a oportunidade de devolver ao Estado a capacidade de atuar. De lhe devolver a autoridade que parece desbaratada aos olhos de tantos. Lisboa e Portugal têm na segurança o seu maior ativo – e não o podemos perder. Por isso é que pedi ao anterior Governo, e volto a fazê-lo agora, mais 200 agentes para a Polícia Municipal de Lisboa.”

“E por isso volto também a dizer: precisamos de reforçar as competências dos nossos polícias municipais. Mais competência para as polícias municipais é mais segurança para as cidades”, terminou Moedas.