Duarte Marques, ex-deputado do PSD, acredita que o “PS se vai distinguir do Chega” na votação do Orçamento do Estado (OE). “É isso que vai marcar a diferença entre os partidos que ajudaram a construir a democracia portuguesa e que têm uma responsabilidade especial na governação do país, para o bem e para o mal”, afirma.

Em entrevista ao programa Direto ao Assunto da Rádio Observador, o social-democrata mostrou-se convicto de que Pedro Nuno Santos e o PS “estarão à altura do momento” político atual e que saberão “honrar o passado do partido e dos seus fundadores”. Recorda, assim, os “momentos semelhantes” em que o PSD viabilizou orçamentos socialistas, apontando como exemplo a governação de António Guterres.

“Vivemos uma fase económica e política na Europa e no mundo que não permite qualquer tipo de hesitações ou de crises políticas. Sabemos que sempre que há eleições o país fica parado. Estamos numa fase de recuperação económica e de aproveitamento do PRR que não nos permite perder tempo ou pôr de lado as prioridades”, afirmou, notando que os interesses atuais do país “não distinguem assim tanto os grandes partidos do centro político português”.

Duarte Marques: “Espero que seja possível distinguir PS de Chega”

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Sobre um expectável pacto de não agressão ao PS no congresso do PSD, tendo em conta a data anunciada pelos socialistas para propor sentido de voto no OE, na próxima segunda-feira, Duarte Marques entende que os sociais-democratas devem  ter em conta “condicionantes” da atualidade. “O partido veio de um fim de semana de muita política interna e é natural que as bases não queiram ver agora o PS a viabilizar o orçamento do PSD, o seu maior adversário”, admite, mantendo-se esperançoso em relação ao “serenar” da posição futura dos socialistas.

[Já saiu o terceiro episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio e aqui o segundo.]

O social-democrata recorda que ainda falta “praticamente um mês e meio até à votação final do Orçamento”, notando que as alterações que possam ser feitas na especialidade podem ainda vir a “deturpar profundamente o OE”.

Chumbo de Ventura agrava “consequências” da decisão de Pedro Nuno

Até ao voto final, segundo o antigo parlamentar, “é preciso muito sangue frio e muita paciência”, garantindo que é nesta corrida de resistência que “se conhecem as verdadeiras lideranças”. Dirigindo-se a Pedro Nuno Santos, diz que “a liderança de um partido não se vê quando um líder vai atrás daquilo que é a opinião de toda a gente, mas quando, nos momentos certos, toma as decisões que são mais difíceis”, garante, considerando que “no fundamental os portugueses não querem eleições”.