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Armas nucleares na Ucrânia, a responsabilidade do Ocidente e as condições para a paz. Vladimir Putin abordou todos estes temas ao longo de duas horas, em declarações aos órgãos de comunicação dos países do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e alertou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) para uma possível “provocação perigosa”.
Na quinta-feira de manhã em Bruxelas, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, colocou em cima da mesa um cenário onde a Ucrânia voltaria a ter armamento nuclear no seu arsenal, no caso de não receber o apoio da NATO. Apesar do chefe de Estado ucraniano e o secretário-geral da Aliança Atlântica terem reforçado a sua união, Putin, citado pela agência estatal russa TASS, quis deixar bem clara a sua opinião sobre o tema. Para o Presidente russo, qualquer sugestão nesse sentido é uma “provocação” – uma “provocação perigosa”, reforçou. Adianta ainda que “não irá deixar” que a Ucrânia obtenha uma arma nuclear, quer seja de produção própria ou importada do Ocidente, uma vez que seria algo “muito difícil de esconder”.
“A NATO está a combater com a Rússia através das mãos dos soldados ucranianos”, afirmou Vladimir Putin, seguindo a ideia de que o Ocidente é o grande responsável pela escalada do conflito atual com a Ucrânia, que diz ter começado em 2014 e se agravou em 2022. “As forças armadas da Ucrânia não têm a capacidade de utilizar armas de alta precisão, tudo é feito pelos especialistas da NATO”, sublinha o Presidente da Rússia. Dito isto, Putin afirma que está interessado no término do conflito e que está pronto para retomar as negociações de paz. No entanto, reforça que as suas condições para assinar um acordo são as mesmas que instou em Istambul, em 2022. Entre elas estão a neutralidade da Ucrânia — proibindo a entrada na NATO — e, também, uma limitação do seu poder militar.
O Chefe de Estado russo vai mais longe e diz que não está interessado num “cessar-fogo de uma semana ou um ano”, mas que está focado em reunir condições para uma paz duradoura. Caso estes termos não sejam aceites pelo regime de Kiev, Putin afirma que está preparado para continuar com a operação militar em território ucraniano. “A vitória será nossa”, conclui, enquanto elogia as forças ocidentais por entenderem que é “impossível derrotar a Rússia no campo de batalha”.
Já quando questionado sobre a cimeira dos G20, que se realizará no Rio de Janeiro, em novembro deste ano, em declarações à CNN Brasil, Vladimir Putin indicou que não estará presente, após semanas de especulação mediática. “Iria à cimeira de propósito arruiná-la? Não. O governo russo terá um representante na cimeira”, afirmou o Presidente da Rússia, que viu emitido em seu nome um mandado de captura internacional pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). Putin justifica ainda a decisão por ter uma “relação amigável” com o seu homólogo brasileiro, Lula da Silva. Sobre o mandado do TPI, o chefe de Estado russo salienta que o “respeito por uma entidade que não é universal ou independente é muito baixo”. Apesar desta invocação do Tribunal, Lula da Silva já tinha revelado a sua posição: o seu homólogo russo “podia ir tranquilamente ao Brasil” e que seria um “desrespeito” tentar prendê-lo em solo brasileiro.