Um mais provocador, outro mais desconfiado. Santana Lopes convidou Marques Mendes para o seu programa no canal Now e, em frente ao antigo colega de Governo, não excluiu vir a ser candidato presidencial. Admitindo que ia “apimentar a conversa”, o anfitrião desafiador atirou: “Pode ser que falemos das nossas divergências para o ano. Depois do Luís decidir [sobre Belém], quem sabe ele como candidato, ou os dois [como candidatos], ou nenhum”.

Mais à frente na conversa, Santana seria questionado diretamente sobre se ponderava uma candidatura nas Presidenciais de 2026 e manteve a porta aberta, sugerindo que isso podia depender dos valores dos estudos de opinião: “A Presidência da República é assim: quem tenha boas sondagens, deve ser candidato. Se me recandidatar na Figueira da Foz, dou graças a Deus e serei feliz. Mas quem tiver boas sondagens em Presidenciais, é uma missão candidatar-se, um dever a que ninguém tem o direito de fugir.

A meio da reflexão, Santana diz que ninguém deve ir por vaidade, sabendo que não ganha. E, a certa altura, parece condicionar a decisão do seu avanço a uma saída de cena de Marques Mendes e de outros candidatos: “Se o Luís fosse embora, fosse viver para a Austrália, se tudo mudasse… não seria hipócrita, nem cínico.” E conclui: “Ser Presidente é a honra suprema de quem anda nesta vida“. Marques Mendes ia sorrindo.

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As provocações de Santana Lopes, descontraído, a Marques Mendes foram constantes: “Eu acho que o Presidente da República, e não sei se há alguém nesta mesa que um dia poderá vir a ser, nomeadamente quem está à minha frente [Marques Mendes]…”. O antigo primeiro-ministro chegou a perguntar a Mendes se só decidia em 2025 por o mandato do Almirante do almirante Gouveia e Melo acabar em dezembro de 2024.

Marques Mendes foi respondendo mais na defensiva, repetindo que, apesar das palavras simpáticas de Montenegro, a corrida a Belém será uma “decisão pessoal, individual” e que ainda há um ciclo autárquico pela frente. Além disso, adverte, em política passa tudo muito rápido. Logo, é preciso a “jurisprudência da prudência”.

Uma outra pequena provocação de Santana foi quando contou que esteve com Conceição Monteiro, a militante número dois do PSD, e ela lhe disse que a passagem de Leonor Beleza para primeira vice-presidente tem “água no bico”. O presidente da câmara da Figueira divertia-se, Mendes não respondeu.

Até ao fim do programa, o antigo primeiro-ministro ainda diria que Mendes tem uma vantagem sobre os outros candidatos que é o “comentário dominical” em sinal aberto e, sem obter qualquer resposta do comentador político, atirou: “Eu ainda admito que decida que não [se candidata a Belém], pois caso contrário não guardava a decisão”.