O intelectual e sacerdote peruano Gustavo Gutierrez, considerado o pai da Teologia da Libertação, corrente do pensamento cristão centrada na dignidade dos pobres, morreu, em Lima, aos 96 anos, anunciou a ordem religiosa a que pertencia.
“A província dominicana de San Juan Bautista del Peru lamenta informar que hoje, 22 de outubro de 2024, o nosso querido irmão Gustavo Gutierrez Merino foi para a Casa do Pai”, anunciou a ordem religiosa nas redes sociais.
“É com profunda tristeza que anunciamos o falecimento, esta noite, do nosso querido amigo e fundador Gustavo Gutierrez”, confirmou na rede social X (antigo Twitter) o Instituto Bartolomeu de las Casas, centro de assistência aos mais desfavorecidos, fundado pelo padre em 1974.
Con profundo dolor, comunicamos que esta noche ha partido nuestro querido amigo y fundador Gustavo Gutiérrez.
Su obra y trabajo en favor de los pobres y los más descartados de la sociedad seguirá iluminando el camino de la Iglesia por un mundo más justo y fraterno. pic.twitter.com/JsCy9qF8xH
— Bartolo (@BartoloIBC) October 23, 2024
Gustavo Gutierrez, que se tornou dominicano aos 76 anos, foi um dos sacerdotes que denunciou as injustiças e as desigualdades no subcontinente americano.
Escreveu o primeiro grande tratado sobre o assunto num livro intitulado “Teologia da Libertação: Perspetivas”, publicado em 1971 e traduzido em todo o mundo.
A obra propõe uma nova espiritualidade baseada na solidariedade com os pobres e exorta a Igreja a participar na mudança das instituições sociais e económicas para promover uma maior justiça social.
Ex-reitor de Fátima admite generosidade na Teologia da Libertação
Gustavo Gutierrez recebeu um grande número de diplomas honorários e prémios em todo o mundo.
Em 2019, o antigo reitor do Santuário de Fátima Luciano Guerra reconheceu a generosidade na Teologia da Libertação, embora considere “impossível eliminar” a desigualdade entre ricos e pobres na totalidade.
“Há uma parte da Igreja que realmente não conseguiu perceber que é impossível eliminar completamente a desigualdade humana, que ela existe e vinda da própria natureza”, disse Luciano Guerra à Lusa.