Siga aqui o liveblog sobre a guerra na Ucrânia
Elon Musk e Vladimir Putin terão discutido negócios, política e até tópicos pessoais em conversas “regulares” ao longo dos últimos dois anos, avançaram fontes europeias, norte-americanas e até russas ao Wall Street Journal (WSJ). Os diálogos coincidem com uma aproximação do empresário norte-americano à política, da qual procurava manter-se afastado.
O satélite Starlink, da SpaceX de Musk, ajuda a traçar a cronologia desta relação. O bilionário doou 15 mil terminais da Starlink à Ucrânia, em junho de 2022, facilitando o acesso à internet num país que enfrentava já quase quatro meses da ofensiva russa. Mas o apoio de Musk a Kiev terá sido sol de pouca dura, pois em setembro do mesmo ano, as forças ucranianas relataram que não conseguiam utilizar os terminais para ataques com drones teleguiados na Crimeia. Musk respondeu que a Starlink é exclusiva para uso civil e por isso é que o sinal tinha sido bloqueado.
O apoio do homem mais rico do mundo à Ucrânia foi recebido em Moscovo com ameaças, levando Musk a encetar as primeiras conversas com “russos de alto nível”, incluindo um dos chefes de gabinete de Putin, Sergei Kiriyenko, relatou uma fonte com conhecimento destes diálogos ao WSJ. No final de 2022, a posição de Musk sobre a guerra na Ucrânia tinha-se alterado e tornado pública no recém renomeado X (até aí, Twitter), que o próprio comprou — defendia agora um fim rápido da guerra, que em tudo se assemelhava a uma rendição ucraniana. Já Kiriyenko foi acusado este ano pelos Departamento de Justiça norte-americano de espalhar desinformação e propaganda russa em domínios online norte-americanos. Onde? No X.
Elon Musk promete sortear um milhão de dólares por dia a quem se registar para votar (em Trump)
Duas fontes dos serviços secretos acrescentam que os contactos se mantiveram até este ano, quando a sua postura se tornou ainda mais crítica do apoio norte-americano à Ucrânia. O processo de politização de Elon Musk coincide com o ano de eleições norte-americanas e a sua declaração pública de apoio ao candidato republicano, Donald Trump, que continua a afirmar que conseguiria pôr fim à guerra “em 24 horas”.
[Já saiu o quarto episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio, aqui o segundo e aqui o terceiro.]
Noutra ocasião, Vladimir Putin pediu a Musk que ativasse o Starlink em Taiwan, num favor ao Presidente chinês, relataram outras duas pessoas. Contudo, as fontes não adiantaram mais detalhes sobre a natureza das conversas que Musk e Putin terão mantido ao longo dos últimos dois anos.
As duas partes confirmam apenas uma conversa. O porta-voz do Kremlin desmentiu a notícia do WSJ, afirmando que o único contacto aconteceu antes de 2022 e que a chamada teve “uma duração média” em que “falaram sobre tecnologias visionárias, soluções tecnológicas para o futuro”. “Depois disso, Musk não teve contacto com Putin, e todas as declarações a esse respeito são falsas”, rematou Dmitry Peskov, citado pela agência noticiosa TASS.
Esta descrição vai ao encontro do que Musk escreveu no X em outubro de 2022, em que relatava uma única conversa com o líder russo, para falar “sobre o espaço”, em abril de 2021. Da parte dos Estados Unidos, a notícia dos alegados contactos foi recebida com surpresa e apreensão. “Se a história for verdadeira, isso seria preocupante, especialmente para a NASA e o Departamento de Defesa”, afirmou o administrador da agência espacial norte-americana em conferência de imprensa, referindo-se à dependência que a NASA tem da SpaceX.
