A subscrição de certificados de aforro através dos CTT (ao balcão e usando a app) mais do que duplicou logo na primeira semana após terem sido aumentados os limites máximos para as aplicações por cada aforrador, alterações que entraram em vigor no início de outubro. A informação foi transmitida pela empresa liderada por João Bento, que nesta terça-feira apresentou uma queda de 22% nos resultados líquidos dos primeiros nove meses do ano (não obstante ter havido um aumento de quase 11% nos resultados operacionais).
No último dia 7 de outubro, uma segunda-feira, entrou em vigor a duplicação do limite para o investimento em certificados de aforro da série que está atualmente em distribuição, a série F. Foi aumentado de 50 mil para 100 mil euros o valor máximo que cada aforrador pode comprar nessa série. E quem já tinha certificados da série anterior (E) passou a poder acumular até 350 mil unidades (mais do que o anterior limite de 250 mil). Cada “unidade”, no momento da subscrição, equivale a um euro.
De acordo com a empresa, a média diária de subscrições de dívida pública (certificados de aforro) oscilava entre os seis e os sete milhões de euros nas semanas anteriores – mas logo a partir da semana em que os novos limites entraram em vigor a média mais do que duplicou para entre 13 e 16 milhões de euros por dia. É este aumento das subscrições que dá confiança aos CTT de que a empresa irá ter um quarto trimestre “forte” nesta área de negócio que tem por base um contrato trianual com o IGCP, a entidade que gere a dívida pública do Estado.
Além dos CTT, os portugueses também podem subscrever este instrumento de dívida do Estado através do Banco BIG (o único banco que aderiu à possibilidade de comercializar este produto de poupança) e através do AforroNet, um site gerido pelo IGCP. Esta última plataforma esteve suspensa várias semanas por ter havido um “acesso indevido” a dados pessoais que, garante o IGCP, não se deveu a um “ataque informático” nem causou qualquer impacto nas aplicações financeiras.
A indisponibilidade temporária do AforroNet, para serem aplicadas medidas de “reforço de segurança”, terá contribuído para o aumento de 33% nas subscrições através dos CTT, ainda no terceiro trimestre, embora possa haver outros fatores como o aumento da taxa de poupança a nível nacional (comprovada por dados do Banco de Portugal) e com a descida dos indexantes de crédito.
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Em termos de valor aplicado, as subscrições através da app já correspondem a cerca de 5% do total, segundo a informação recolhida pelo Observador. Porém, olhando não para o valor mas para o número de aplicações a app já assume uma importância maior nessa repartição – o que significa que, pelo menos nesta fase, há uma tendência para fazer subscrições de montantes mais baixos através da app de telemóvel e os montantes mais elevados continuam a ser aplicados, predominantemente, ao balcão dos CTT.
De resto, a atividade dos CTT no terceiro trimestre ficou marcada por uma queda de 22% nos resultados líquidos dos primeiros nove meses do ano, para 27,8 milhões de euros. Porém, houve um aumento de quase 11% nos resultados operacionais, para 792 milhões de euros, com o negócio de entregas em níveis recorde (vai atingir-se a marca das 100 milhões de entregas mais cedo do que em 2023) mas o segmento de correios em queda continuada (-7,5% no terceiro trimestre).