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Pelo menos 52 pessoas morreram por causa do mau tempo em Espanha, onde desde a noite de terça-feira foram registadas chuvas intensas e inundações. O número “provisório” de vítimas mortais foi avançado pelo Centro Integrado de Coordenação Operacional do Ministério da Administração Interna espanhol, num momento em que dezenas de pessoas estão desaparecidas. Segundo o centro, o processo de “levantamento e identificação das vítimas está a iniciar-se”.

Na última noite, a precipitação na região de Valência foi a mais elevada em 24 horas desde 11 de setembro de 1966, de acordo com dados oficiais.

O El País avança que entre as vítimas mortais estão quatro crianças. Em Torrent, cidade localizada a 7 km de de Valência, morreram um casal, duas crianças e um bebé. Em Paiporta, morreram dois homens, uma mulher e um bebé. Registaram-se ainda vítimas mortais nas localidades espanholas de Chiva, Cheste, Alfafar e Alcúdia.

Uma mulher de 88 anos foi que estava desaparecida no município de Mira, em Castilla-La Mancha, foi encontrada morta esta manhã de quarta-feira em casa. De acordo com o El Mundo, esta foi a primeira vítima mortal registada em Castilla-La Mancha.

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Segundo o serviço de emergências da Comunidade Valenciana, cerca de 200 pessoas foram resgatadas durante a madrugada, mas as equipas de proteção civil e de militares que estão no terreno continuam sem acesso a várias zonas afetadas.

As imagens que estão a ser divulgadas pelas televisões e nas redes sociais mostram rios, estradas, ruas e campos inundados, carros arrastados pelas águas e pessoas em telhados ou árvores à espera de resgate.

Numa declaração aos jornalistas, o coordenador das equipas de emergência, José Miguel Basset, disse que com o nascer do dia e o reforço de meios começou a ser possível iniciar resgates com meios aéreos e que há centenas de pessoas presas, por exemplo, em troços de duas autoestradas, numa situação que considerou “muito complicada”. Além de haver infraestruturas afetadas, há também várias zonas sem comunicações e eletricidade, acrescentou.

O presidente do governo regional da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, reiterou esta quarta-feira o pedido à população para evitar sair de casa e para em especial não tentar circular pelas estradas da província de Valência e confirmou que há “múltiplas vítimas”. Na última noite, a precipitação na região de Valência foi a mais elevada em 24 horas desde 11 de setembro de 1966, de acordo com dados oficiais.

O Governo de Espanha criou uma comissão de crise para monitorizar os efeitos da tempestade na costa mediterrânica, enquanto o Rei, Felipe VI, disse acompanhar “com grande preocupação as consequências devastadoras” das inundações.

A gota fria, as regiões mais afetadas e os estragos causados

O sudeste de Espanha foi atingido por uma gota fria, um fenómeno que causa chuvas torrenciais, que chegaram aos 200 litros por metro quadrado, e que terá feito “vários mortos”, segundo declarações do presidente da Generalitat Valenciana, Carlos Mazón, citado pelo El País. “Há corpos sem vida em alguns dos lugares a que conseguimos aceder”, confirmou, falando sobre a tempestade que fez transbordar os rios e causou inundações, obrigando ao encerramento de estradas, escolas e vários serviços. A Proteção Civil espanhola já registou centenas ocorrências, incluindo também sete desaparecidos. Nas últimas horas, o Governo anunciou a criação de um comité de crise para monitorizar em permanência a situação.

Dos casos já conhecidos, sabe-se que um condutor de um camião desapareceu em Alcudia, no interior da Comunidade Valenciana, uma das área mais afetadas, onde um homem também terá morrido, depois de ter ficado preso na sua garagem, relataram testemunhas que encontraram o corpo — depois de terem tentado desbloquear, sem sucesso, a entrada — ao jornal regional Las Provincias. A Proteção Civil procura ainda outras seis pessoas que desapareceram em Albacete, região de Castilla-La Mancha. Em Albacete, há ainda 30 pessoas presas dentro das suas casas e algumas dentro de um bar na localidade e dezenas de carros foram arrastados pelas cheias, acrescenta o El País.

As regiões da Comunidade Valenciana e da Andaluzia são as mais afetadas: algumas regiões de Málaga e Valência foram mesmo colocadas sob alerta vermelho pela agência meteorológica estatal (AEMET). A pedido do governo autónomo da Comunidade Valenciana, Madrid ativou ainda a Unidade Militar de Emergência, que vai ser acionada em Utiel, onde teve de ser emitido um “aviso hidrológico especial” devido ao aumento excessivo do caudal do rio Magno, que acabou mesmo por transbordar. O autarca desta localidade classificou os estragos como “extraordinários, substanciais e com um valor astronómico”.

Várias estradas da região foram ainda cortadas, incluindo duas autoestradas: a A-3, que liga Madrid a Valência, e a A-7, que percorre toda a costa mediterrânica espanhola, assim como a linha de alta velocidade entre Valência e Madrid. O presidente da Comunidade Valenciana, Carloz Mazón, pediu às pessoas que evitem deslocações desnecessárias e que sejam “cuidadosas e pacientes”, notando que a tempestade deve começar a perder força na tarde desta terça-feira. “Quem estiver perto de canais de rios ou barrancos deve procurar o ponto mais alto e mais próximo. A noite vai ser longa”, alertou. Além disso, as aulas foram canceladas em escolas numa dezena de municípios e na Universidade de Valência. A circulação de metro foi interrompida em todas as linhas na região e no aeroporto acabaram por ser cancelados seis voos e outros três foram cancelados.

Também em Valência, as autoridades informaram que um passadiço que ligava dois municípios — Picanya a Paiporta — foi destruído. As imagens do momento têm sido partilhadas por vários jornais espanhóis. As duas câmaras municipais alertaram nas suas redes sociais que as pontes estão fechadas e pedem aos residentes que permaneçam em casa. Alguns municípios, como Utiel e Requena (Valência) criaram abrigos temporários para abrigar as pessoas resgatadas de zonas inundadas ou aquelas que se encontram em zonas propensas a inundações.

Na Andaluzia, a Proteção Civil registou 870 ocorrências, particularmente em Málaga, Granada e Almería. Nesta região, o rio Guadalhorce, que estava praticamente seco, também transbordou, obrigando uma vez mais ao corte da circulação na linha de alta velocidade que liga Málaga a Madrid. Na mesma cidade onde o rio chegou à linha de caminhos de ferro, a Proteção Civil está a realizar operações de resgate, retirando as pessoas das suas casas onde ficaram isoladas, com recurso a um helicóptero.

Imagens partilhadas nas redes sociais e difundidas por vários jornais mostram algumas pessoas a serem arrastadas pelas águas. Muitas têm inclusivamente pedido ajuda através das redes sociais, noticiou o El País, que partilhou um clip de uma mulher cujo carro foi arrastado pela corrente e que ficou presa na água, perto de Paiporta.

O chefe do governo espanhol, que está numa viagem oficial à Índia, disse estar a seguir atentamente e “com preocupação” as informações sobre as pessoas desaparecidas e os danos provocados pelas cheias. Todos os serviços de emergência foram mobilizados, garantiu Pedro Sánchez numa publicação na rede social X (antigo Twitter). “Tenham muito cuidado e evitem as deslocações desnecessárias”, acrescentou.