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Mondlane convoca mais três dias de protestos, nas capitais de província, portos e fronteiras

Três dias de protestos concentrados nas onze capitais de província, nos portos e nas fronteiras, seguidos de dois dias de pausa. É o apelo de Mondlane para o início da quarta fase de manifestações.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane (C) fala aos jornalistas, em Maputo, Moçambique, 21 de outubro de 2024. A Polícia moçambicana lançou hoje gás lacrimogéneo contra o local onde o candidato presidencial Venâncio Mondlane fazia declarações aos jornalistas, a apelar à calma no âmbito da marcha que convocou, obrigando o político a fugir. LUÍSA NHANTUMBO/LUSA
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Mondlane pediu que as manifestações sejam pacíficas. Já morreram dezenas de pessoas às mãos da polícia, lembra

LUÍSA NHANTUMBO/LUSA

Mondlane pediu que as manifestações sejam pacíficas. Já morreram dezenas de pessoas às mãos da polícia, lembra

LUÍSA NHANTUMBO/LUSA

Tal como prometido, Venâncio Mondlane anunciou esta segunda-feira o plano para a quarta etapa das manifestações em Moçambique. Ou antes, a “primeira fase da quarta etapa”, porque a segunda fase só será anunciada depois. Esta “abertura oficial”, como o próprio definiu, vai contar com três dias de protestos, entre quarta e sexta-feira (dias 13, 14 e 15 de novembro), seguidos de nova pausa no fim de semana.

O candidato às eleições presidenciais moçambicanas do passado dia 9 de outubro destacou, contudo, que as manifestações desta etapa terão “um caráter diferente”. Isto porque, em vez de se espalharem pelo país todo, estarão concentradas em três grandes pontos. Um primeiro grupo deve dirigir-se para as onze capitais de província, um outro para os portos e um último para as fronteiras. O objetivo é concentrar os protestos que se tem multiplicado pelo país, anunciou, em direto nas suas redes sociais, a partir da “parte incerta” onde se encontra exilado.

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Ao longo de quase uma hora, Mondlane repetiu os apelos ao povo, agradecimentos pela adesão e duras críticas ao regime e à Frelimo, que tem deixado ao longo das últimas semanas. Deixou ainda três pedidos diretos. O primeiro, aos camionistas, a quem apelou para que parassem os camiões nas principais estradas do país, paralisando a circulação. No entanto, lembrou que ninguém pode ser obrigado a participar e sugeriu que, caso não queiram participar, tirem um dia de folga.

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Um outro pedido foi direto aos polícias e militares, forças que disse estarem “esfomeadas” e a “ser usadas e abusadas pelo regime”. Mondlane pediu às forças de defesa e segurança que larguem as armas e se juntem ao povo, considerando que os seus superiores não irão dar a cara por eles. “Vejam os vossos chefes, na quarta-feira, vão desaparecer”, afirmou. Antes, já tinha dito o mesmo sobre o governo: “Vão fugir, o governo vai fugir, quando anunciarmos a quarta fase, incluindo o Presidente”.

O último pedido foi aos jovens, para que se manifestem de forma pacífica e sem invadir propriedade privada. Assumindo que haverá polícia e “infiltrados” a roubar e a vandalizar, para dar “mau nome” aos manifestantes, pede aos jovens “que peguem nos telefones e filmem”. “Os valores que estamos à procura são muito maiores que um saco de arroz. Os nossos valores são nobres, não são a destruição de bens privados e públicos”, rematou.

Ao relembrar o apoio internacional que as manifestações têm tido, Mondlane foi mais longe que o habitual em relação ao executivo português. “A minha vénia aos líderes políticos portugueses que já disseram que o Governo português não deve aceitar os resultados eleitorais“, destacou.

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Nesta declaração em direto, Mondlane olhou ainda “para o resultado extremamente positivo” das primeiras manifestações e recusando que tenham sido uma tentativa de golpe de Estado. “Se quiséssemos fazer um golpe de Estado, teríamos feito”, disse, garantindo: “Nós não vamos desistir, nós não vamos recuar. Já mataram muita gente”. Mondlane continuou, lembrando, então, as vítimas mortais — foram confirmadas quase 40, mas Mondlane diz serem muitas mais — e acusando o regime moçambicano de ter “sangue nas mãos”. E aponta o dedo em particular a sete dirigentes políticos, contra quem já apresentou queixa no Tribunal Penal Internacional.

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