A agência norte-americana Moody’s manteve inalterados o rating e, também, a “perspetiva” da notação de risco de Portugal, nesta sexta-feira. A Moody’s não correspondeu, assim, às expectativas de alguns analistas de que essa “perspetiva” poderia ser melhorada (o que significaria que era mais provável que a notação de risco poderia subir nos próximos meses). A “fragmentação parlamentar” foi um dos fatores apontados para justificar a cautela da agência de rating.
A última avaliação da Moody’s à dívida soberana portuguesa tinha sido em maio, quando manteve inalterado o rating de Portugal, em ‘A3’, com perspetiva ‘estável’. Alguns analistas antecipavam que a Moody’s poderia agora melhorar a “perspetiva” do rating, mas essa decisão não se confirmou.
Embora elogie a “diversificação” e a “competitividade” da economia nacional, a Moody’s salienta que o Estado português continua a ter uma dívida superior a 90% do Produto Interno Bruto (PIB), o que é um valor elevado quando comparado com outros emitentes soberanos com rating semelhante. Mesmo reconhecendo que o rácio da dívida tem vindo a diminuir de forma “consistente” face ao pico, esse foi um dos principais fatores que levaram a Moody’s a não mexer na notação de risco.
Além disso, a agência identifica “possíveis desvantagens” na situação política e económica nacional, vendo uma maior vulnerabilidade das exportações à redução da procura externa. Por outro lado, o cenário “mais complexo” criado pela atual composição parlamentar – que é marcada por uma maior “fragmentação” – é algo que gera “incerteza política” e “poderá ter um impacto negativo para o crescimento”, designadamente perturbando a execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
O rating é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito. Uma subida da notação tenderia a baixar os custos da nova dívida emitida pelo Estado português. Neste momento, os investidores estão a transacionar, entre si, dívida portuguesa (a 10 anos) com uma rendibilidade de 2,78%, o que é um indicador aproximado de quanto o Estado pagaria para emitir nova dívida.
Os juros de Portugal na dívida de longo prazo estão significativamente abaixo dos de Espanha (3,04%), França (3,07%) e Itália (3,54%). A Alemanha, referência “sem risco” para a dívida europeia, está a emitir dívida a 10 anos com um juro de 2,34%.