Um cabo submarino no Mar Báltico, que liga a Finlândia à Alemanha, deixou de funcionar esta segunda-feira, confirmaram os operadores dos dois países. As autoridades de Helsínquia e Berlim anunciaram que estão a investigar o caso e levantaram suspeitas de sabotagem.
Num comunicado conjunto, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países sublinharam que “o facto de tal incidente levantar imediatamente suspeitas de danos intencionais diz muito sobre a volatilidade deste tempo”. “A nossa segurança europeia está não só sob ameaça da guerra de agressão russa contra a Ucrânia, mas também de uma guerra híbrida por parte de atores maliciosos”, referem, acrescentando que a proteção das infraestruturas comuns é vital para “a resiliência das nossas sociedades.”
Cortes acidentais, espionagem ou sabotagem. Os cabos submarinos podem ser armas de guerra?
O cabo submarino que foi afetado (C-Lion1) tem cerca de 1.200 quilómetros e liga Helsínquia a Rostock. É o único que conecta a Finlândia à Europa central e é operado pela empresa estatal finlandesa Cinia, que também já está a investigar o incidente. Para já a companhia não avançou nenhuma explicação sobre o que se terá passado, mas o diretor executivo disse em conferência de imprensa que a quebra repentina implicava que o cabo foi cortado por uma força externa. Acrescentou, segundo a CNN, que ainda não se realizou uma inspeção física para verificar os danos.
O chefe de comunicação do Centro de Cibersegurança Nacional finlandês disse que “de tempos a tempos” podem acontecer alguns “distúrbios”, provocados por vários fatores. “[Os cabos] são suscetíveis às condições do clima e a incidentes com navios. O importante é que os problemas sejam identificados e que se tomem medidas para os resolver”, disse Samuli Bergström à emissora finlandesa YLE.
Bergström lembrou que as conexões que partem da Finlândia vão para diferentes pontos do globo. “Agora uma destas conexões foi quebrada, o que pode sobrecarregar outras”, admitiu, notando ainda assim que os efeitos “provavelmente não são visíveis para o cidadão comum.”
No domingo também já tinha sido detetado um problema com um cabo submarino que liga a Lituânia e a Suécia que afetou o serviço de internet. Em declarações à CNN, uma porta-voz da empresa que o gere (Telia) disse que a situação terá sido provocada por “danos físicos à fibra ótica do cabo”.
Esta terça-feira, o Centro Nacional de Gestão de Crises da Lituânia (NKVC, no original) avançou com outra tese, admitindo a hipótese de sabotagem como origem da avaria. À imprensa, o diretor do NKVC, Vilmantas Vitkauskas, afirmou que os danos no cabo entre a Lituânia e a Suécia reduziram em cerca de um terço a capacidade de transmissão de dados e de outras telecomunicações, mas o tráfego foi desviado para outras ligações submarinas.
“Estamos a recolher todos os dados das autoridades e dos nossos países parceiros na região, que estão a monitorizar o que aconteceu exatamente no mar nesse dia ou nessa noite”, acrescentou o responsável, considerando ser precoce determinar o tipo de danos envolvidos.
Porém, de acordo com os especialistas, indicou o responsável, a avaria não parece estar relacionada com um fenómeno natural, mas com uma ação humana acidental ou deliberada.
O Ministério Público da Lituânia também abriu um inquérito, tendo a porta-voz Elena Martinoniene afirmado à agência noticiosa EFE que a instituição está ciente dos danos no cabo, mas não quis comentar as medidas que foram tomadas.
Os incidentes acontecem algumas semanas depois dos Estados Unidos terem alertado para o aumento de atividades militares russos junto de cabos submarinos importantes. Duas fontes norte-americanas disseram à CNN que Washington acreditava que era provável que a Rússia lançasse operações de sabotagem para atingir estas infraestruturas.