O Comité de Ética da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos não tornou público esta quarta-feira, por falta de acordo, o relatório da investigação a Matt Gaetz, nomeado pelo Presidente eleito Donald Trump para ser o próximo procurador-geral. Gaetz está a ser investigado por má conduta sexual e consumo de drogas.
Matt Gaetz, o “guerreiro” que Trump quer para “Martelo da Justiça”, pode nem chegar ao cargo
O presidente da comissão, o republicano Michael Guest, disse aos jornalistas, no final de uma reunião de duas horas no Capitólio, que não havia consenso entre os membros para tornar o documento público.
O comité deveria ter votado a sua decisão na sexta-feira passada, mas a demissão de Gaetz dois dias antes, depois de ter sido nomeado por Trump, atrasou esse escrutínio e pôs efetivamente fim aos inquéritos.
Apesar de a saída do representante da Florida do Congresso ter deixado a comissão sem jurisdição para o investigar, a publicação das conclusões da sua investigação de 2021 sobre alegada má conduta sexual, utilização irregular de fundos de campanha, aceitação de subornos e consumo de drogas ainda estava no ar.
A comissão entrevistou duas mulheres que testemunharam que Gaetz lhes pagou por sexo numa festa na Florida, onde a prostituição é ilegal.
O advogado das mulheres, Joel Leppard, disse à NBC News que uma das mulheres também testemunhou que viu Gaetz a ter relações sexuais com uma rapariga menor de idade, embora tenha dito que não acreditava que Gaetz soubesse que ela tinha 17 anos na altura.
Gaetz negou estas alegações e a equipa de transição de Trump considera-as infundadas e recorda que o Departamento de Justiça encerrou uma investigação paralela sem apresentar queixa.
Vários senadores, tanto republicanos como democratas, disseram que queriam rever o relatório antes de o Comité Judicial da Câmara dos Representantes examinar a nomeação de Gaetz no próximo ano e, em seguida, a Câmara dos Representantes validá-la ou suspendê-la.
Cabe ao Senado autorizar os futuros cargos ministeriais, mas até lá Gaetz tem o apoio de Trump, que afirmou não questionar a sua própria decisão, e também do futuro vice-presidente, JD Vance, que o acompanhou hoje ao Congresso.
No entanto, apesar de a comissão da Câmara dos Representantes ter suspendido a divulgação do relatório, já houve fugas de informação na imprensa nacional.
O advogado das duas mulheres indicou que elas forneceram à comissão numerosas fotografias relacionadas com o tempo que passaram com o republicano, que, segundo o advogado, pagou 6.000 dólares (5.690 euros) a uma e 4.000 dólares (3.793 euros) à outra para dormir com elas.
O líder da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, quis ficar de fora da decisão da comissão, mas ao mesmo tempo não considerou apropriado que a comissão divulgasse a sua investigação.
“Isso abriria a caixa de Pandora e não creio que seja saudável para a instituição”, afirmou.
A escolha de Trump para o cargo de Procurador-Geral obrigou o próprio Gaetz a um esforço para garantir pessoalmente a sua nomeação, para o que se reuniu esta quarta-feira à porta fechada com senadores republicanos que ouviram perguntas sobre a alegada má conduta sexual e outras alegações.
Pelo menos um senador republicano considerou o escrutínio como uma “multidão de linchamento” que se está a formar contra Gaetz, que, se for confirmado, se tornará o principal responsável pela aplicação da lei no país.
“Não vou legitimar o processo para destruir o homem porque as pessoas não gostam da sua política”, disse o senador Lindsey Graham, à saída da reunião privada de senadores.
“Ele merece uma oportunidade de argumentar por que deve ser procurador-geral. Sem carimbo de borracha, sem multidão de linchamento”, frisou Graham.
Por seu lado, o senador Josh Hawley, que apoia a nomeação de Gaetz, saiu a terreiro em defesa da escolha de Trump.
“Se vocês têm preocupações, tudo bem. Mas não decidam ainda. Deixem-no testemunhar primeiro”, afirmou.
Gaetz traz consigo propostas abrangentes para livrar o Departamento de Justiça daqueles que Trump considera terem “transformado em arma” o seu trabalho contra o Presidente eleito, os seus aliados e os conservadores em geral.
O próprio Trump disse aos senadores que esperava “fazer Matt cruzar a linha de chegada”, disse o senador Kevin Cramer, que estava hoje no Texas com o Presidente eleito e outros para o lançamento de foguete SpaceX ao lado do bilionário Elon Musk.