Depois da Digi ter lançado o seu serviço no mercado português, Vodafone, Nos e Meo já responderam à operadora que promete preços baixos com novas ofertas nos seus serviços low cost, denominados, respetivamente, Amigo, Woo e Uzo.
Digi. Há uma nova empresa de telecomunicações em Portugal. O que muda?
Amigo, Woo e Uzo não são verdadeiramente novas operadoras, mas antes serviços lançados pelas três principais empresas do mercado para combater na vertente preço. E é, por isso, que, embora sejam detidas por Vodafone, Nos e Meo e utilizem as respetivas redes, a oferta não é nacional. Nos grupos de conversação no Reddit há, mesmo, quem aponte para a disponibilidade dos serviços Amigo, Woo e Uzo, na maior parte dos casos, só nos locais onde a Digi tem presença. Também a Digi não tem, ainda, cobertura total nacional nos serviços fixos de voz e internet e televisão.
A Digi não divulga, para já, qual a cobertura fixa que tem no país, sendo certo que ao comprar a Nowo já conseguiu uma infraestrutura instalada em algumas zonas do país. “Estamos atualmente a trabalhar no desenvolvimento [da rede] para ter uma cobertura abrangente, mas não comunicamos, ainda, o número de casas cobertas, que será revelado numa fase mais avançada”, indicou fonte oficial da operadora ao Observador.
A Digi tem, no seu site, uma área na qual, através do código postal, os consumidores podem verificar a existência (ou não) de cobertura em sua casa. A Uzo e a Amigo também permitem ver a cobertura, não se encontrando no site da Woo essa possibilidade. No entanto, e apesar de Vodafone, Nos e Meo terem cobertura nacional, o mesmo não acontece nos seus serviços low cost. Nenhuma das operadoras explicou a razão, nem a cobertura que disponibilizam nestes serviços.
A Digi, que lançou a oferta em Portugal em novembro, diz combater no mercado pelo preço e assume menos tempos de fidelização, que é o período que um cliente tem de ficar agarrado a uma operadora quando contrata o serviço. A Digi estabeleceu um limite de três meses para a internet fixa que é obrigatória contratar para aceder ao serviço de televisão. O mesmo da Woo e da Amigo. Já a Uzo requer permanência por seis meses. Estes são as indicações visíveis nos sites, exceto no que respeita ao serviço móvel, no qual todas assumem não ter qualquer período de fidelização.
Em alternativa, nas propostas sem fidelização, Woo e Amigo indicam que esta opção implica o pagamento adicional de 60 euros e a Uzo, no site, faz referência a que a fidelização é necessária “caso pretenda usufruir das ofertas em vigor”. Fonte oficial da Meo garante ao Observador que “a Uzo tem e sempre teve ofertas com e sem fidelização como decorre da lei”. A Woo, através do diretor da marca João Lima Raposo, assume ao Observador que a sua oferta “não tem qualquer fidelização para a voz móvel”, mas que, “no serviço fixo, tem um período de fidelização mínimo de três meses”. A Amigo não respondeu às questões do Observador.
A lei obriga a que a fidelização decorra no máximo até 24 meses, mas as empresas têm de ter ofertas sem qualquer período de retenção.
Os operadores já lançaram as suas ofertas low cost há algum tempo, mas só recentemente evoluíram para a inclusão do serviço de televisão. A Meo recorda ao Observador que “a oferta da Uzo, lançada em 2005, tem evoluído no seu portefólio de acordo com as necessidades do seu principal target, o cliente digital”, assumindo que “hoje destaca-se no segmento das opções simplificadas e apresenta uma oferta móvel pré e pós paga e uma oferta de internet fixa suportada em fibra tendo recentemente lançado também uma oferta de televisão”.
A Woo comunicou esta quarta-feira, 20 de novembro, o lançamento da “nova App Woo TV que permite o acesso a um serviço de televisão com mais de 60 canais”, tendo nesse dia anunciado a atualização “de todos os seus tarifários, de forma a oferecer soluções ajustadas às necessidades dos consumidores a um preço justo, sem abdicar da qualidade de rede móvel em todo o país”. A Amigo fez uma conferência de imprensa na sexta-feira, 15 de novembro, a apresentar o reforço “do seu portefólio com a disponibilização do serviço de televisão e de novos preços, ainda mais baixos, para todos”.
Os canais entre os operadores não varia muito e há uma coincidência entre todos. Nenhuma destas ofertas tem disponível os canais da SIC, nem os de desporto premium (Sport TV, Benfica TV, Dazn). Nenhuma das empresas explicou ao Observador porque não é possível estenderem os contratos que já têm noutros serviços para estas ofertas low cost.
A Digi assume estar em negociações com os fornecedores de conteúdos para estender a sua oferta. A Uzo e a Amigo não explicaram este ponto e a Woo assume que “é uma marca independente [neste caso da Nos], com propostas diferenciadas para um público específico, que procura um serviço e uma oferta mais simples, com um processo de adesão e gestão descomplicado, com um foco na qualidade de serviço”. Aliás, quando questionada sobre a necessidade da Nos ter uma oferta diferenciada como a Woo, a comunicação da marca indicou que a Woo “foi criada enquanto uma marca independente e não uma oferta”, tendo surgido em 2020 “como a primeira operadora de telecomunicações nacional totalmente digital, funcionando exclusivamente através de uma aplicação móvel, onde o cliente pode aderir, alterar ou cancelar o seu serviço a qualquer momento”. Aliás, tanto a Woo, como a Uzo, como a Amigo assumem-se como operadoras digitais, funcionando a sua oferta em cima de uma aplicação.
Além das ofertas de internet fixa com televisão, estas empresas estão a concorrer no serviço móvel. Aliás, é a principal aposta da Digi que, no entanto, tem cobertura nacional de 4G na rede dos outros operadores, já que só tem licenças (e ainda sem o desenvolvimento completo da infraestruturas) para o 5G, quer as que comprou no leilão quer as com que ficou quando comprou a Nowo. Ao Observador, a Digi, que assume estar em Portugal no longo prazo, garante que o espectro é “um ativo chave para o grupo”, pelo que “todo o espectro que temos na Digi e na Nowo será usado a breve trecho para entregar e melhorar uma rede móvel e serviços de elevada qualidade”.
No móvel, as empresas têm ofertas de pré e pós pago. A Digi apresentou-se com uma proposta de dados e chamadas ilimitadas (e inclui 1000 SMS para clientes Digi), com velocidade “máxima” (sendo referida que é de até 150 mbps na rede 4G e até 10 vezes mais na rede 5G) até à utilização de 200 GB de dados, a partir do qual a velocidade baixa para 2 mbps, a um preço de 7 euros por mês (se comprada isoladamente a oferta móvel). Há opções para dados não limitados (mas acumuláveis por um período) e cujo preço começa nos 4 euros para 50 GB.
A Amigo tem, como condição de adesão no móvel até final deste ano, uma oferta de cinco mil minutos/SMS e 100 GB de dados a cinco euros por mês. O mesmo preço é proposto pela Woo para 100 GB e 2500 minutos/SMS, sendo de 7 euros para dados ilimitados e cinco mil minutos/SMS. A Uzo, que ainda não anunciou alterações às suas ofertas, indica como proposta no site 10 euros por mês para 200 GB, minutos de voz ilimitados e mil SMS.
Numa conjugação dos três serviços (internet fixa, televisão e móvel), a Digi tem um preço de 27 euros (sendo o móvel um cartão com 100 GB — quantidade de dados) assumindo, no site, que a oferta é válida até 31 de dezembro. A operadora, na conferência de imprensa de apresentação, indicou, no entanto, que não é sua intenção atualizar os preços à inflação, conforme está previsto nas condições de serviço. O mesmo valor é aplicado pela Amigo, limitando as chamadas no telemóvel a cinco mil minutos. Na Woo, a mesma proposta custa 30 euros. E a Uzo tem uma oferta com dados móveis até 200 GB, custando esse pacote 40 euros.
Ao contrário da Amigo, Woo e Uzo, a Digi tem uma oferta para telefone fixo que determina o acréscimo à conta de um euro ou de 2 euros para chamadas ilimitadas (mas não há opção de ter só este serviço, o telefone fixo tem de ser acompanhado de pelo menos um serviço de internet fixa).
Considerando a compra de um serviço de internet fixo (sem mais nenhum outro), a Digi tem uma proposta de 10 euros para net a 1 gbps (router wi-fi 6), sendo de 15 euros a oferta de 10 gbps. A Amigo propõe 15 euros por net a 1 gbps; a Woo de 12,5 euros com velocidades até 500 mbps ou 15 euros por 1 gbps. E a Uzo cobra 15 euros por 1 gbps (gigabit por segundo).
Mas os preços podem variar consoante as empresas vão atualizando as suas ofertas.