O Irão anunciou esta sexta-feira que vai “tomar medidas”, incluindo colocar em funcionamento “novas centrifugadoras avançadas”, após uma agência da ONU ter adotado uma resolução a criticar o programa nuclear do país.
A Organização de Energia Atómica do Irão (AEOI, na sigla em inglês) disse que “ordenou a tomada de medidas eficazes, incluindo a colocação em funcionamento de uma série de novas centrifugadoras avançadas de diferentes tipos”. O anúncio surgiu numa declaração conjunta da AEOI e do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.
Na quinta-feira, o Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) aprovou uma resolução, apresentada pelos Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha, a condenar o programa nuclear do Irão.
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, voltou esta sexta-feira a apelar à comunidade internacional para que aumente a pressão sobre o regime iraniano para o impedir de obter uma arma nuclear. “O regime mais perigoso do mundo não deveria ter a arma mais perigosa. Para o fazer, a comunidade internacional deve aumentar a pressão sobre o regime iraniano”, disse o chefe da diplomacia israelita na rede social X.
מועצת הנגידים של סבא״א אימצה אתמול החלטה חשובה הדורשת מסבא״א לפרסם דו״ח מקיף ביחס לכל הפרותיה של איראן בתחום הגרעין.
אסור שלמשטר המסוכן ביותר בעולם יהיה את הנשק המסוכן ביותר. לשם כך על הקהילה הבינלאומית להגביר את הלחץ על משטר ההאיתולות האיראני.— Gideon Sa'ar | גדעון סער (@gidonsaar) November 22, 2024
O Governo iraniano já tinha alertado na quinta-feira que a resolução irá enfraquecer o diálogo com a agência da ONU. O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, destacou o “importante papel” do Conselho de Governadores da AIEA na “salvaguarda da credibilidade da agência” e em “garantir o seu desempenho profissional e independente”. No entanto, acrescentou que a aprovação do texto vai minar e enfraquecer a cooperação entre Teerão e a AIEA.
Ao mesmo tempo, destacou a “postura construtiva” do Irão nas suas interações com a AIEA e criticou a “postura injustificada” por parte dos países ocidentais que apresentaram a proposta de resolução.
Arachi salientou que “estas ações poderiam alterar as funções técnicas e profissionais da agência” e lamentou as “ações não construtivas e injustificadas” em relação ao “programa nuclear pacífico” iraniano, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão.
A diplomacia de Teerão tinha apelado aos estados membros do Conselho de Governadores da AIEA, que incluem o Brasil, para que evitassem a criação de “uma plataforma para promover a ganância política dos países ocidentais que já têm armas de energia nuclear”.
Na semana passada, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, visitou Teerão, numa iniciativa que o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano descreveu como frutífera.
O Presidente iraniano, Masud Pezeshkian, sublinhou na semana passada que Teerão “não tentou nem tentará” desenvolver armas nucleares.
Pezeshkian disse ainda que o Irão cumpriu as suas obrigações com o acordo alcançado em 2015, abandonado por Washington em 2019, durante o primeiro mandato do republicano Donald Trump.