O Parlamento Europeu (PE) aprovou esta quarta-feira a composição da próxima Comissão Europeia de Ursula von der Leyen com 370 votos favoráveis, 282 contra e 36 abstenções.
“Hoje é um bom dia para a Europa porque a votação mostra que o centro resiste. Estou muito grata pela confiança manifestada pelo Parlamento ao novo colégio [de comissários] e a votação permite-nos começar agora, a 1 de dezembro”, afirmou Ursula von der Leyen numa conferência de imprensa realizada à margem da sessão plenária da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo.
Reagindo após o aval parlamentar à sua nova equipa, no seu segundo mandato de cinco anos à frente da instituição, a responsável alemã vincou: “Estamos ansiosos por começar e isso é fundamental porque o tempo urge”.
“Enfrentamos desafios políticos significativos dentro da nossa União, nas nossas fronteiras, na nossa vizinhança, em que precisamos de aumentar a nossa competitividade e em que o impacto das alterações climáticas se faz sentir cada vez mais fortemente”, elencou.
Após críticas ao seu colégio de comissários — nomeadamente por ter um vice-presidente dos Reformistas e Conservadores Europeus, nomeado por Itália –, Ursula von der Leyen fez questão de destacar a sua “equipa forte e experiente”, na qual tem “plena confiança na sua capacidade de entrega, não só como indivíduos, mas também como equipa”.
“A estrutura do novo colégio permitirá um trabalho de equipa eficiente e soluções transversais”, adiantou.
“Estamos prontos para começar a trabalhar”, disse, depois de apresentar aquela que é sua equipa, garantindo que esta estará empenhada em lutar pela liberdade, segurança e prosperidade.
No final da votação, a nova Comissão Europeia foi aplaudida por uma parte do hemiciclo. A presidente da Comissão Europeia e a presidente do PE, Roberta Metsola, abraçaram-se.
A aprovação surgiu após o escrutínio dos europarlamentares (incluindo audições a cada um dos comissários indigitados) e de intensas negociações nas últimas semanas entre os grupos de centro-direita, socialistas e liberais para um acordo político sobre os sete nomes que estavam pendentes de um total de 26, alcançado há uma semana.
O executivo eleito acompanhará Ursula von der Leyen no seu segundo mandato como presidente da Comissão Europeia, depois de ter sido eleita pela primeira vez em novembro de 2019.
Von der Leyen promete lutar pela liberdade e unidade nos próximos cinco anos
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu ainda, esta quarta-feira, que vai trabalhar, no seu segundo mandato à frente da instituição, numa “luta pela liberdade” e para unidade na União Europeia (UE), perante o “mundo contestado de hoje”.
“A nossa luta pela liberdade pode parecer diferente da das gerações passadas, mas o que está em jogo é igualmente elevado e honroso e isso implicará fazer escolhas difíceis, significará investimentos maciços na nossa segurança e na nossa prosperidade e, acima de tudo, significará mantermo-nos unidos e fiéis aos nossos valores, encontrando formas de trabalharmos em conjunto e ultrapassando a fragmentação”, disse a líder do executivo comunitário.
Intervindo perante os eurodeputados na sessão plenária do Parlamento Europeu na cidade francesa de Estrasburgo, antes do derradeiro voto ao seu proposto colégio de comissários, Ursula von der Leyen recordou o intenso processo de escrutínio parlamentar como a “marca de uma democracia viva” e prometeu trabalhar com “todas as forças democráticas e pró-europeias desta assembleia”.
“Trabalharei sempre a partir do centro porque todos queremos o melhor para os europeus e todos queremos o melhor para a Europa e é altura de nos unirmos e honrarmos […]. Esta unidade será ainda mais importante no mundo contestado de hoje, um mundo em que todas as fraquezas são transformadas em armas, todas as dependências são exploradas, a nossa liberdade e soberania dependem mais do que nunca da nossa força económica, a nossa segurança depende da nossa capacidade de competir, de inovar e de produzir, e o nosso modelo social depende de uma economia em crescimento, enfrentando simultaneamente as alterações demográficas”, adiantou.
Num contexto de tensões geopolíticas (devido à guerra da Ucrânia causa pela invasão russa e de conflitos no Médio Oriente), de concorrência face aos Estados Unidos e China e de transição política norte-americana, Von der Leyen quer, nos próximos cinco anos, apostar na competitividade económica comunitária.
Estima-se que a UE tenha de investir 800 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 4% do PIB, para colmatar falhas no investimento e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa em comparação a Washington e Pequim.
Só a aposta em defesa, impulsionada pela guerra da Ucrânia causada pela invasão russa e pelas recentes tensões geopolíticas, vai ter de ser suportada por necessidades de investimento na ordem dos 500 mil milhões de euros na próxima década.