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Dois dias depois de ter sido alcançado um acordo de cessar-fogo no Líbano — que o presidente norte-americano, Joe Biden, espera ser “permanente” — Filipa Coutinho conta à Rádio Observador que o desejo dos libaneses de regressarem às casas que tiveram de deixar para trás é tão grande que o trânsito tem estado parado. Segundo esta portuguesa, trabalhadora humanitária, que está no Líbano a colaborar com uma ONG (Organização Não Governamental), a população sente alívio e está feliz, mas continua “com muita cautela” e sempre “à espera do próximo” ataque.

“As pessoas estão contentes. Acabei de chegar ao trabalho e as pessoas dizem ‘feliz cessar-fogo’. No geral, a sensação é de contentamento e 80% da população deslocada já está a voltar para as localidades de origem, embora o cessar-fogo não esteja 100% implementado. As pessoas querem ir para casa, o trânsito tem estado impossível e parado”, relata a portuguesa Filipa Coutinho.

Líbano. Beirute vive “alívio” e “cautela” com cessar-fogo. O relato de uma portuguesa em Beirute

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A população está contente porque pode “finalmente relaxar um pouco nas ruas e na vida do dia a dia”. Contudo, “toda a gente está com muita cautela, sempre à espera do próximo [ataque] e com muita hesitação”.

A portuguesa prevê que o regresso da população às grandes cidades seja “rápido”, mas tem dúvidas que o mesmo aconteça nas localidades do sul do país, que faz fronteira com Israel (e que foi palco de tensões): “No sul ainda não temos noção da dimensão dos estragos, mas acho que vai demorar bastante tempo.”

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Neste momento, a prioridade da ONG com a qual a trabalhadora humanitária colabora é “redesenhar os programas de emergência para conseguir chegar às necessidades das pessoas”. “Há uma grande preocupação com restos de explosivos nas localidades a sul [e] há muita preocupação em educar a população para isso, porque as pessoas estão a ir para casa sem ter cuidado com esses possíveis riscos”.

Filipa Coutinho alerta ainda para a existência de uma população com uma “grande vulnerabilidade”: alguns “não podem voltar a casa porque está destruída”, outros porque não têm “meios” para regressar, ou porque “o trânsito está parado” ou até por terem “perdido o trabalho”. Sem querer avançar números finais — até porque estamos ainda no “segundo dia” do cessar-fogo, recorda — a trabalhadora humanitária aponta que “entre 10 a 15% da população deslocada está numa situação de grande risco e vulnerabilidade”.

Foi através das redes sociais, na passada terça-feira, que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou que o conselho de ministros tinha aprovado a proposta de cessar-fogo. O acordo prevê a suspensão das hostilidades, que aconteceu de forma imediata, iniciando-se um período de transição de 60 dias desde o momento em que foi aprovado.

Durante esse período, o exército israelita deverá retirar-se totalmente do território libanês. Espera-se que os militares de Israel se retirem totalmente do sul do Líbano, sendo que, do seu lado, o Hezbollah fica obrigado a retirar-se para norte do rio Litani, que fica a cerca de 25 quilómetros a norte da fronteira. A retirada será supervisionada pelos EUA e por França. Já no que toca ao cumprimento das condições de acordo de cessar-fogo, este será supervisionado por uma comissão de cinco países liderado pelos Estados Unidos.