O Presidente da Rússia voltou, esta quinta-feira, a deixar várias ameaças à Ucrânia e ao Ocidente, prometendo atacar “centros de decisão” ucranianos em Kiev com os novos mísseis Oreshnik. Vladimir Putin voltou a criticar a decisão norte-americana e britânica de permitir ataques com mísseis de longo alcance em solo russo, prometendo que Moscovo vai retaliar contra essa decisão.
Uma dessas retaliações aconteceu já esta quinta-feira. Numa conferência de imprensa no Cazaquistão, durante a cimeira da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), Vladimir Putin, citado pela agência RIA, admitiu que o “ataque combinado com a utilização de 90 mísseis e 100 drones” desta madrugada contra o setor energético ucraniano foram uma “resposta às ações do inimigo”, ou seja, a permissão britânica e norte-americana para que a Ucrânia use mísseis de longe alcance, como o ATACMS ou Storm Shadow.
Vladimir Putin sugeriu igualmente que “a permissão para as Forças Armadas da Ucrânia atacarem o território da Federação Russa com armas de alta precisão e longo alcance de produção ocidental” significa o “envolvimento direto” do Ocidente na guerra da Ucrânia. “O uso destas armas sem a participação direta de militares e especialistas militares dos países relevantes da NATO é simplesmente impossível”, argumentou ainda o Presidente russo.
Ainda em retaliação, Vladimir Putin disse que a Rússia está a selecionar os alvos que vai atacar na Ucrânia, podendo os ataques serem dirigidos contra “centros de decisão”, isto é, os edifícios que servem como sede de entidades políticas ucranianas. O Chefe de Estado russo criticou ainda o “regime de Kiev” por tentar “repetidamente atingir alvos de importância nacional na Rússia”, mais concretamente em São Petersburgo e em Moscovo.
À presidência ucraniana, Vladimir Putin mandou ainda um recado. O Chefe de Estado acredita que Volodymyr Zelensky “usurpou o poder”. Lembrando que não houve eleições na Ucrânia como o previsto (que não foram convocadas por causa da lei marcial) e que os ucranianos “não foram às urnas”, o líder russo defende que o poder político de Kiev é “completamente ilegítimo”. “Do ponto de vista jurídico, nem sequer tem o direito de dar ordens às Forças Armadas”, acrescentou.
Putin diz que uso massivo com novos mísseis Oreshnik equivale a um ataque “nuclear”
Durante a conferência de imprensa, Vladimir Putin recordou os novos mísseis hipersónicos Oreshnik que a Rússia já usou para atacar a Ucrânia. “Fomos forçados a testá-los em condições de combate“, lamentou inicialmente o Presidente russo, vincando que essa decisão se deveu a uma “resposta aos ataques de armas ocidentais no território das regiões de Bryansk e Kursk com mísseis ATACMS e Storm Shadow”.
O Chefe de Estado russo deu vários detalhes sobre o novo armamento, destacando o carácter inovador dos novos mísseis. “É claro que não existem análogos de Oreshnik no mundo e considero que os modelos semelhantes não aparecerão em breve”, salientou, indicando que ordenou a “produção em massa” do armamento, cujo uso pode equivaler a um “ataque nuclear”.
“Segundo especialistas militares e técnicos, no caso de um uso massivo com estes mísseis, isso será comparável ao uso de armas nucleares”, explicou Vladimir Putin, referindo que estes mísseis são de “alta precisão”. Ainda sobre armamento, o Presidente russo indicou ainda que a Rússia produz dez vez mais mísseis do os países da NATO e assegurou que a produção de mísseis vai aumentar entre 25 e 30% no próximo ano.
Num “menu” de mísseis que Vladimir Putin diz que a Rússia tem à sua disposição, o Presidente russo concluiu que Moscovo “escolherá as armas dependendo da natureza das ameaças para a Federação Russa”.