O novo presidente do Conselho Europeu está este domingo em Kiev, na Ucrânia. A visita acontece no dia em que António Costa assume oficialmente as suas novas funções europeias. Na sua conta na rede social X, Costa assinalou o momento escrevendo que “desde o primeiro dia da guerra, a UE tem estado ao lado da Ucrânia. Desde o primeiro dia do nosso mandato, reafirmamos o nosso apoio inabalável ao povo ucraniano”.
From day one of the war, the EU has stood by the side of Ukraine.
From day one of our mandate, we are reaffirming our unwavering support to the Ukrainian people.
Proud to be in Kyiv with @kajakallas and @Marta1Kos. pic.twitter.com/hlBxXCVVh7
— António Costa (@eucopresident) December 1, 2024
Na manhã de domingo, numa conferência de imprensa ao lado do presidente da Ucrânia, Volodomyr Zelensky, pediu respeito pela soberania do território ucraniano. “A soberania ucraniana, a integridade do seu território e as suas fronteiras têm de ser respeitadas”, defendeu o novo presidente da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da União Europeia.
Ucrânia tem direito à autederminação, defende Costa
António Costa estabeleceu o paralelismo com Portugal, no dia em que assinala mais um aniversário da restauração da independência em relação a Espanha, no século XVII. “Estar aqui hoje na Ucrânia, neste dia em particular, tem um significado muito especial para mim. No 1.º de Dezembro, desde há quase 400 anos e todos os anos, o meu país celebra o Dia da Independência: a nossa soberania nacional, o nosso direito à autodeterminação e o direito à integridade territorial e ao respeito pelas fronteiras”, disse António Costa, realçando que “a Ucrânia, tal como Portugal e como todos os países no mundo, tem o mesmo direito”.
Ao visitar a Praça da Independência, na capital ucraniana, 11 anos após a onda de protestos para pedir a adesão da Ucrânia à União Europeia, Costa salientou a coragem do povo ucraniano e o “futuro comum”. “Este monumento é uma clara prova de que, quando falamos da guerra, não estamos apenas a falar de armas, mas acima de tudo de pessoas, de famílias, de pessoas que morreram, que sofreram a lutar pelo seu país e pelo direito a ter uma paz justa e duradoura”, disse António Costa, citado pela Agência Lusa. O presidente do Conselho Europeu falava com responsáveis da sociedade civil de associações que apoiam veteranos da guerra da Ucrânia.
No dia em que chega à capital ucraniana para passar o seu primeiro dia do mandato na liderança do Conselho Europeu, o antigo primeiro-ministro português sublinhou: “O trabalho da vice-presidente da Comissão Europeia e da comissária europeia do Alargamento vai assegurar para a Ucrânia e para o povo ucraniano um futuro comum na nossa União Europeia [UE]”. “Presto tributo e é muito duro ver tantas pessoas jovens como veteranos”, adiantou.
Costa chegou à Ucrânia no domingo de manhã, acompanhado pela alta-representante para a Política Externa e de Segurança da UE, Kaja Kalla, e pela comissária para o alargamento, Marta Kos. A visita acontece numa altura em que existe uma expectativa elevada sobre o conflito que começou há quase três anos, após a invasão russa. Na agenda levava a reafirmação do apoio à Ucrânia, dias depois de Zelensky ter admitido a possibilidade de um acordo de cessar-fogo em troca da adesão à NATO, mesmo sem as regiões ocupadas pela Rússia no território.
I am pleased to welcome @antoniolscosta, President of the European Council, to Ukraine today on the very first day of the new leadership in the European institutions.
We discussed our vision for European and global affairs — current challenges and prospects.
This symbolic start… pic.twitter.com/rsXo49FFje
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) December 1, 2024
Zelensky e Costa reuniram-se em Kiev para discutir “assuntos europeus e globais”
Entretanto, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já se reuniu com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, em Kiev. Zelensky divulgou imagens do encontro na sua conta na rede social X. “Discutimos a nossa visão para os assuntos europeus e globais — desafios atuais e perspetivas”, revelou Zelensky, sublinhando o empenho da Ucrânia em colocar um fim à guerra com a Rússia.
“A paz é a base, e continuaremos a fazer todo o possível para acabar com esta guerra, que a Rússia desencadeou não apenas contra a Ucrânia, mas também contra uma Europa unida, o mais rápido possível e para fortalecer a Europa – tanto as instituições da UE quanto as políticas que apoiam todas as nações europeias”, realçou o presidente ucraniano, agradecendo o apoio que Kiev recebeu “desde o primeiro dia”.
Esta foi a primeira vez que o Presidente da Ucrânia admitiu a possibilidade de um cessar-fogo com a Rússia a manter controlo sobre regiões ucranianas, uma posição que sempre recusou nestes já quase três anos de conflito.
Na intervenção que fez na cerimónia da passagem de testemunho, António Costa falou sobre a situação na Ucrânia, defendendo que “paz não pode ser a paz dos cemitérios. A paz não pode ser capitulação. A paz não pode recompensar o agressor. A paz na Ucrânia tem de ser justa; tem de ser duradoura e tem de assentar no direito internacional”, afirmou o socialista nessa altura em Bruxelas.
Costa já esteve em Kiev com Zelensky, em maio de 2022, ainda como primeiro-ministro de Portugal, numa altura em que foi manifestar o apoio português à Ucrânia, sobretudo financeiro — numa altura em que o presidente ucraniano aproveitou para corrigir Costa e pressionar o apoio político dentro da União Europeia. E tudo porque o então primeiro-ministro de Portugal, defendendo a adesão da Ucrânia à UE, mas avisando que isso leva tempo e que no caso português foram nove anos de espera. Zelensky não o deixou sair sem contestar a comparação: “Compreendo que muitos países esperaram muitos anos para chegarem a ser candidatos e depois membros da União Europeia. Mas é incorreto comparar a Ucrânia com esses países que passaram esse caminho em paz. Nós estamos em guerra, não estamos só a perder o tempo, mas também pessoas, vidas humanas”.
“Portugal do lado certo”, mas não ao ritmo que Zelensky gostaria