O novo presidente do Conselho Europeu está este domingo em Kiev, na Ucrânia. A visita acontece no dia em que António Costa assume oficialmente as suas novas funções europeias. Na sua conta na rede social X Costa assinalou o momento escrevendo que “desde o primeiro dia da guerra, a UE tem estado ao lado da Ucrânia. Desde o primeiro dia do nosso mandato, reafirmamos o nosso apoio inabalável ao povo ucraniano”.
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Ao visitar a Praça da Independência, na capital ucraniana, 11 anos após a onda de protestos para pedir a adesão da Ucrânia à União Europeia, Costa salientou a coragem do povo ucraniano e o “futuro comum”. “Este monumento é uma clara prova de que, quando falamos da guerra, não estamos apenas a falar de armas, mas acima de tudo de pessoas, de famílias, de pessoas que morreram, que sofreram a lutar pelo seu país e pelo direito a ter uma paz justa e duradoura”, disse António Costa, citado pela Agência Lusa. O presidente do Conselho Europeu falava com responsáveis da sociedade civil de associações que apoiam veteranos da guerra da Ucrânia.
No dia em que chega à capital ucraniana para passar o seu primeiro dia do mandato na liderança do Conselho Europeu, o antigo primeiro-ministro português sublinhou: “O trabalho da vice-presidente da Comissão Europeia e da comissária europeia do Alargamento vai assegurar para a Ucrânia e para o povo ucraniano um futuro comum na nossa União Europeia [UE]”. “Presto tributo e é muito duro ver tantas pessoas jovens como veteranos”, adiantou.
Costa chegou à Ucrânia esta manhã, acompanhado pela alta-representante para a Política Externa e de Segurança da UE, Kaja Kalla, e pela comissária para o alargamento, Marta Kos. A visita acontece numa altura em que existe uma expectativa elevada sobre o conflito que começou há quase três anos, após a invasão russa. Na agenda leva a reafirmação do apoio à Ucrânia, dias depois de Zelensky ter admitido a possibilidade de um acordo de cessar-fogo em troca da adesão à NATO, mesmo sem as regiões ocupadas pela Rússia no território.
Esta foi a primeira vez que o Presidente da Ucrânia admitiu a possibilidade de um cessar-fogo com a Rússia a manter controlo sobre regiões ucranianas, uma posição que sempre recusou nestes já quase três anos de conflito.
Na intervenção que fez na cerimónia da passagem de testemunho, António Costa falou sobre a situação na Ucrânia, defendendo que “paz não pode ser a paz dos cemitérios. A paz não pode ser capitulação. A paz não pode recompensar o agressor. A paz na Ucrânia tem de ser justa; tem de ser duradoura e tem de assentar no direito internacional”, afirmou o socialista nessa altura em Bruxelas.
Costa já esteve em Kiev com Zelensky, em maio de 2022, ainda como primeiro-ministro de Portugal, numa altura em que foi manifestar o apoio português à Ucrânia, sobretudo financeiro — numa altura em que o presidente ucraniano aproveitou para corrigir Costa e pressionar o apoio político dentro da União Europeia. E tudo porque o então primeiro-ministro de Portugal, defendendo a adesão da Ucrânia à UE, mas avisando que isso leva tempo e que no caso português foram nove anos de espera. Zelensky não o deixou sair sem contestar a comparação: “Compreendo que muitos países esperaram muitos anos para chegarem a ser candidatos e depois membros da União Europeia. Mas é incorreto comparar a Ucrânia com esses países que passaram esse caminho em paz. Nós estamos em guerra, não estamos só a perder o tempo, mas também pessoas, vidas humanas”.
“Portugal do lado certo”, mas não ao ritmo que Zelensky gostaria