As urgências gerais e pediátricas da região Oeste deixam de funcionar de “porta aberta” a partir de quinta-feira, passando a receber apenas doentes referenciados pelo 112 ou linha SNS24 e reencaminhando casos menos graves para os centros de saúde.
“A prioridade é acabar com a urgência como porta de entrada do Serviço Nacional de Saúde, que passa a ser o SNS 24 [a linha telefónica 808 24 24 24], exceto para situações emergentes, em que terão de ser encaminhadas pelo 112”, afirmou esta segunda-feira a presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) do Oeste, Elsa Baião, em conferência de imprensa.
A ULS Oeste aderiu ao projeto do Serviço Nacional de Saúde “Ligue antes, Salve Vidas”, que é implementado nos hospitais da região a partir de quinta-feira.
Assim, antes de se deslocarem ou serem transportados às urgências, os doentes terão de contactar primeiro os números telefónicos 112, para casos emergentes, ou a Linha SNS24, através dos quais será feita a triagem e o encaminhamento dos casos, consoante a urgência.
“É uma revolução que se pretende fazer no sentido de capacitar o cidadão para tomar as decisões mais adequadas para procurar os cuidados de saúde no local certo e à hora certa”, explicou a administradora, argumentando que “o grande motivo para a implementação deste projeto é a utilização excessiva dos serviços de urgência por situações cuja gravidade clínica não o justificam”.
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A pressão das urgências, disse, é causada pela “procura muito acentuada”, muitas vezes “de situações de doença aguda ligeira”, sobretudo no inverno, na época da gripe, aumentando os tempos de espera e obrigando muitas vezes a desviar doentes urgentes para outros locais, sujeitando-os a deslocações maiores.
Segundo a ULS Oeste, os doentes a quem é atribuída pulseira verde ou azul (menos graves), como sejam infeções respiratórias ligeiras, infeções urinárias ou gripes, representam 45% dos doentes atendidos nas urgências gerais de Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche e 67% nas urgências pediátricas.
Entre janeiro e outubro, as urgências gerais registaram 141.380 episódios e as pediátricas 41.571, dos quais 61.684 e 27.911, respetivamente, foram de doentes menos graves com pulseiras verdes e azuis.
O principal objetivo do projeto passa por reduzir o acesso às urgências, reencaminhando os casos menos graves para os centros de saúde da região. São excluídos destes critérios os doentes acamados, com patologias clínicas com mais de 70 anos ou menos de um ano de idade.
Além de reduzir os tempos de espera nas urgências e as deslocações às urgências dos doentes menos graves, com o projeto a ULS Oeste espera também melhorar a qualidade de serviço e afetar os recursos humanos existentes nas urgências aos casos mais urgentes.
“É um projeto que acreditamos que vai ser bom para todos, para os utentes porque o grande objetivo é evitar que as pessoas recorram ao hospital, fiquem horas e horas à espera quando podem ser atendidos de forma programada, e deixar o serviço de urgência realmente para os casos urgentes, e para os profissionais porque permite concentrarem-se mais e errarem menos”, indicou Elsa Baião.
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Nos centros de saúde, os atendimentos complementares vão ser reforçados aos fins de semana.
É também recomendado que os utentes contactem primeiro a linha SNS24 e aguardem pela marcação de uma consulta, antes de se deslocarem aos cuidados primários. Caso o centro de saúde não tenha capacidade de resposta, os doentes são reencaminhados para uma urgência.
A Unidade Local de Saúde do Oeste agrega, desde o início do ano, o Centro Hospitalar do Oeste (que inclui os hospitais das Caldas da Rainha e Peniche, no distrito de Leiria, e de Torres Vedras, no distrito de Lisboa), o Agrupamento de Centros de Saúde do Oeste Norte e o Agrupamento de Centros de Saúde do Oeste Sul.
No conjunto integra os concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Bombarral e Peniche, no distrito de Leiria, e de Lourinhã, Cadaval, Torres Vedras e Sobral Monte Agraço, no distrito de Lisboa, com uma população de 235 mil habitantes.