Rui Tavares, porta-voz do Livre, admite não sentir que “seja necessário” ou que “deva avançar agora” com uma candidatura às presidenciais de 2026, mas não fecha totalmente a porta a Belém e deixa claro que, se for preciso, não pode “faltar ao país”. “Infelizmente, a situação do país pode evoluir muito rapidamente e nos últimos anos evoluiu muito rapidamente. E não podemos faltar ao país. Mas espero sinceramente que não venha a ser esse o caso”, afirma.

Neste momento, o Livre aguarda “principalmente” que “fora da área dos partidos haja alguém que se apresente” para que possa fazer uma avaliação — sendo que já sabe que existem “sempre nomes que aparecem que estão na metade mais progressista do espectro político nacional”, em que se insere. Questionado, no programa Comissão de Inquérito da Rádio Observador, sobre se é cedo para haver candidatos a Belém, Rui Tavares responde que “isso depende do que emerge da sociedade civil” e defende que “os partidos devem ir atrás do que forem as vontades individuais das pessoas que sentirem esse peso da responsabilidade e essa vontade”.

Rui Tavares: “Os políticos não devem votar no próprio aumento”

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Rui Tavares recorda que o Livre espera que existam “candidaturas da sociedade civil e do campo político progressista” para depois fazer “uma consulta e um referendo interno” quanto às eleições. Nas últimas duas presidenciais, que foram as únicas se realizaram desde que foi fundado, o partido apoiou António Sampaio da Nóvoa e Ana Gomes. “Em ambos os casos [contaram] com apoio do Livre e, por exemplo, [ficaram] sem apoio do PS”, menciona o porta-voz, lembrando que os dois candidatos ficaram em segundo lugar.

Para o também deputado do Livre, é importante que “Portugal tenha um ou uma Presidente da República que no próximo mandato leve muito a sério as questões do estado de direito da democracia e dos direitos fundamentais”. “As coisas não estão fáceis em nenhum país europeu e o Presidente da República é a válvula de segurança do sistema. É a última garantia de que se alguma coisa correr mal há um diálogo direto com os cidadãos que pode e deve ser tomado […] É importante que as pessoas que sentem que correspondem a esse perfil avancem, que sejam claras perante o país”, diz.

Durante o programa da Rádio Observador, Rui Tavares falou também sobre as eleições autárquicas, que se realizam já no próximo ano. No verão, o Livre pediu reuniões ao PS, ao BE, ao PCP e ao PAN para debater esse ato eleitoral com o intuito de formar uma coligação de esquerda contra a direita, em particular em Lisboa. Agora, o porta-voz do partido faz um “diagnóstico”: “Estamos atrasados.”

Recordando que a lei autárquica é “muito diferente da das legislativas”, uma vez que “não há geringonças”, Rui Tavares afirma que se os partidos considerarem que é importante “mudar o rumo de Lisboa”, isso “tem de ser feito, com tempo e com mobilização da população”. Com “pesar”, por ter uma “boa relação” com Carlos Moedas, o porta-voz do Livre acrescenta que o mandato do presidente da capital portuguesa não está a ser um “sucesso”.

Quanto ao fim do corte de 5% dos salários dos políticos, que o Livre votou contra, Rui Tavares explica que o partido “considera que os representantes eleitos devem ser mais bem pagos”, mas defende que essa medida deveria ser votada pela população. “Deveríamos votar a reposição do salário por inteiro de deputados após o mandato. Deveríamos dar o direito às pessoas de nos julgarem a nós e, depois de julgados, então os próximos deputados e deputadas veriam esse corte revertido”, considera.

Depois de votar contra a medida, que foi aprovada, o Livre anunciou que iria abdicar do aumento resultante do fim do corte e usar o dinheiro para financiar uma bolsa de estudo.

Polémica. Políticos voltam a ganhar mais 5% todos os meses. Quanto passam a ganhar Marcelo e Montenegro? E os deputados?