A Região Autónoma da Madeira registou a subida mais acentuada do PIB em 2023, ano em que o crescimento real de 2,5% no país traduziu-se em aumentos em todas as regiões, indicou esta terça-feira o Instituto Nacional de Estatística.

Segundo os dados preliminares das Contas Regionais do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos a 2023, o crescimento real de 2,5% do PIB do país permitiu retomar “um ritmo de crescimento próximo do último ano pré-pandemia”, traduzindo-se em subidas “em todas as regiões”.

O aumento mais acentuado foi na Região Autónoma da Madeira (4,5%), seguindo-se a Região Autónoma dos Açores (3,4%), o Algarve e a Grande Lisboa (ambas com 3,3%) e a região do Oeste e Vale do Tejo (2,9%), estas acima do país.

A região Norte (2,3%) registou “um crescimento ligeiramente inferior ao do país”, enquanto a Península de Setúbal (1,7%) e o Centro (1,4%) apresentaram “crescimentos mais moderados” e o Alentejo “o desempenho mais fraco” (0,4%).

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Nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira e no Algarve, o acréscimo real do PIB resultou “sobretudo do crescimento mais dinâmico” do VAB [valor acrescentado bruto] do ramo do comércio, transportes, alojamento e restauração, “atividade com relevância na estrutura produtiva destas regiões e fortemente influenciada pela atividade turística”, que registou um acréscimo, em volume, de 6,7%, 5,6% e 4,7%, respetivamente, refere o INE.

A Grande Lisboa contou, “significativamente”, com o desempenho do VAB dos ramos das atividades de informação e comunicação (6,1%) e dos serviços prestados às empresas (6,0%), e também com “o crescimento mais moderado” do VAB do comércio, transportes, alojamento e restauração e das atividades imobiliárias, ambas com 3,8%.

No Oeste e Vale do Tejo, a variação real do PIB, ligeiramente superior à do país, beneficiou do crescimento do VAB dos ramos da agricultura, silvicultura e pesca (8,6%) e de o aumento na indústria e energia (2,0%) “ter sido superior ao nacional”.

A região Norte cresceu ligeiramente abaixo do país, “principalmente devido ao desempenho” dos ramos do comércio, transportes, alojamento e restauração (1,6%) e dos serviços prestados às empresas (5,2%), “ramos importantes na estrutura produtiva da região e cujo VAB aumentou menos que a média nacional”, enquadra o INE.

O crescimento mais moderado na Península de Setúbal e no Alentejo “resultou, sobretudo, da diminuição do VAB do ramo da indústria e energia” (-1,3% e -3,8%, respetivamente), além do decréscimo das atividades de informação e comunicação (-4,6%) na Península de Setúbal e das atividades imobiliárias (-2,0%) no Alentejo.

Na região Centro, o ligeiro crescimento do PIB foi influenciado pelos ramos do comércio, transportes, alojamento e restauração (0,5%) e dos serviços prestados às empresas (3,5%), com crescimentos inferiores ao do país.

Em termos nominais, em 2023, de acordo com os resultados preliminares das Contas Regionais, o PIB do país registou um crescimento de 9,6% e todas as regiões apresentaram variações positivas.

Grande Lisboa (11,7%), Região Autónoma da Madeira (11,5%), Oeste e Vale do Tejo (11,0%) e a Região Autónoma dos Açores (10,6%) cresceram mais de um ponto percentual (pp) acima da média do país e o Algarve (9,7%) registou uma variação próxima da média nacional.

Nas restantes regiões, o INE estima variações nominais inferiores à média do país: 8,6% no Norte, 8,1% no Alentejo e 7,4% no Centro e na Península de Setúbal

Em relação aos resultados finais de 2022, o INE salienta que o PIB do país registou nesse ano uma variação nominal de 12,7% e real de 7,0%, crescendo em termos nominais em todas as regiões, embora de forma mais acentuada no Algarve (27,2%) e na Região Autónoma da Madeira (23,5%), que “têm em comum um peso relativo elevado das atividades ligadas ao turismo, com forte dinamismo neste ano e ainda em recuperação da pandemia”.

Na Grande Lisboa registou-se um aumento (15,4%) menos acentuado, embora superior à média nacional, enquanto Alentejo (12,6%), Região Autónoma dos Açores (11,1%), Norte (10,4%), Península de Setúbal (10,0%), Centro (9,3%) e Oeste e Vale do Tejo (7,4%) apresentaram variações nominais menos intensas e inferiores ao país.

Segundo o INE, a nova geografia territorial de NUTS II (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos), com a desagregação da Área Metropolitana de Lisboa em Grande Lisboa e Península de Setúbal — além da criação da região de Oeste e Vale do Tejo —, “conduziu a um agravamento expressivo da disparidade regional em 2022”.

O diferencial entre as regiões com os índices de PIB per capita mais elevado e mais baixo cresceu de 44 pontos percentuais na anterior geografia (NUTS2013), em 2021, para 87 pp no novo modelo (NUTS2024) em 2022, “aumentando para 90 pp em 2023”, destaca o INE.

Em 2023, de acordo com os dados preliminares, a Grande Lisboa (158,0%) e Península de Setúbal (67,5%) foram as regiões que apresentaram o maior e o menor índice de PIB per capita, repetindo o cenário do ano anterior.