A festa de inauguração de Donald Trump, agendada para 20 de Janeiro, promete ser um acontecimento marcante, como aliás aconteceu com as 46 tomadas de posse que a antecederam. E, a três semanas do evento, já são conhecidos os construtores de automóveis que vão apoiar a festa de Trump e os que não vão estar a bordo.
A indústria automóvel figura entre as mais importantes dos EUA, empregando 1,7 milhões de indivíduos directamente, número que sobe para cerca de 10 milhões se adicionarmos os postos de trabalho indirectos, representando 3% do PIB. Daí que a interdependência entre as marcas e o poder seja grande. E, nos próximos anos, tudo indica que os fabricantes de veículos americanos vão necessitar mais do Governo do que é habitual, com a discussão em torno dos apoios aos veículos eléctricos, por um lado, e a guerra comercial com a Europa e, sobretudo, com a China, por outro.
Isto explica que as americanas GM (2,6 milhões de unidades no mercado doméstico) e Ford (2 milhões) figurem entre os primeiros a contribuir para a tomada de posse de Trump, com 1 milhão de dólares cada, apesar deste valor ser uma gota de água na facturação anual destas empresas, ou até mesmo face aos lucros que geram. Quem também está entre os contribuidores é a japonesa Toyota, o maior fabricante global de veículos e o segundo maior nos EUA, com 2,25 milhões de unidades vendidas em 2023. Curiosamente, o quarto construtor no ranking dos mais vendidos, a Stellantis (1,53 milhões), não figura entre os apoiantes do futuro Presidente.
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Talvez ainda mais curioso do que a ausência da Stellantis é a falta da Tesla (670 mil unidades) na lista dos que prestam apoio ao 47.º Presidente. O seu CEO Elon Musk é o maior apoiante de Trump — é mesmo apontado na brincadeira como “co-president” —, tendo já investido vários milhões do seu bolso, mas a marca que é líder entre os fabricantes de veículos eléctricos optou por não manifestar o seu apoio público.
A CEO da GM, Mary Barra, justificou o apoio argumentando que os objetivos do grupo estão alinhados com os de Trump. “Queremos uma economia robusta e uma indústria com forte produção instalada no país para gerar empregos”, disse. Tanto mais que uma hipotética guerra comercial com o Canadá e, sobretudo, com o México, poderia prejudicar as fábricas que os construtores montaram nesses países para exportar para os EUA, usufruindo de um menor custo da mão-de-obra. Pelo seu lado, Jim Farley, CEO da Ford, afirmou estar optimista quanto à possibilidade de Trump estar aberto a ajudar os construtores tradicionais a acelerar a produção e venda dos seus modelos eléctricos, de acordo com a Reuters.