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O frio e o aumento das infeções respiratórias estão a colocar sob pressão os serviços de urgências dos hospitais do SNS, particularmente na zona da grande Lisboa. Às 10 horas deste domingo, vários hospitais somavam largas horas de espera para atendimento de doentes urgentes (com pulseira amarela). O pior caso era do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que apresentava um tempo de espera de mais de 15 horas.

Entretanto, os tempos de espera diminuíram. Às 16 horas, segundo os dados do portal dos Tempos Médios de Espera do SNS, Santa Maria continua a ser o caso mais crítico, com mais de 11 horas de espera. O segundo hospital com maior tempo de espera é o Hospital Amadora-Sintra, com quase 10 horas de espera; o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, com 4 horas de espera na urgência geral para doentes triados com pulseira amarela; e o Hospital de Cascais, com 3 horas.

Segundo a triagem de Manchester, estes doentes deveriam ser vistos no prazo máximo de uma hora.

Hospital de Santa Maria diz que plano sazonal está a funcionar. “O plano revelou-se eficaz e continua a revelar-se”

Apesar dos tempos de espera no Hospital Santa Maria, o presidente do conselho de administração, Carlos Martins, que fez o ponto de situação, transmitido pelas televisões, garante que o plano sazonal de inverno “está a funcionar sem qualquer problema”. Diz mesmo que “o plano revelou-se eficaz e continua a revelar-se”, ainda que assuma ter havido no sábado uma situação “anómala”, com um “crescimento superior ao que era a casuística das últimas semanas”, com mais doentes e mais complexos e em fluxos simultâneos. Houve, indicou, a conjugação de vários fatores, mas recusa existir falta de médicos.

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“Os meios estão a funcionar” na urgência central e em todo o perímetro da ULS, desde Mafra até ao Santa Maria, reforçou, indicando que o SAP de Mafra está a funcionar, o centro de Sete Rios e três urgências hospitalares (além da central), também. “Não pensamos ativar a primeira fase do plano de contingência”, revela, assumindo que, no entanto, “se necessário ativaremos”.

“Passámos as últimas semanas, que são sempre muito críticas, com tranquilidade, com tempos de espera normais, e capacidade de resposta nas consultas, internamentos e diagnóstico”. No entanto, antecipando um início de semana a partir desta segunda-feira complexo e difícil, assume que se vai abrir mais 10 camas para doenças respiratórias, além de 25 camas de proximidade disponíveis a partir de segunda, além da “capacidade normal”. “Os meios estão reforçados dentro do pano sazonal”.

Carlos Martins indica, por outro lado, que a primeira triagem está a decorrer de forma positiva, passando pelo SNS 24, a linha “Ligue Antes, Salve Vidas”, e o centro de atendimento clínico. “Estão a ser importantes para capacidade de resposta”. E resume: “normalmente tínhamos 60% de doentes laranja e amarelos, e 40% verdes e azuis, nos últimos dias e hoje em particular temos 90% amarelos e laranja, 10% verdes e azuis. Significa que os mecanismos estão a ser usados e bem”.

Privados também sentem pressão nas urgências e internamento

Também os hospitais privados estão a sentir a pressão nos serviços de urgência. “O que temos sentido é que há um aumento significativo da atividade, nomeadamente uma procura muito elevada nas urgências e uma maior pressão no internamento“, disse, à rádio Observador, o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP). No entanto, Óscar Gaspar recusa a ideia de que esta situação se deva a um recurso em massa de doentes do SNS aos os privados, por insuficiência na resposta dos hospitais públicos. “A pressão dos hospitais privados não decorre do SNS”, sublinha.

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O responsável lembra que o aumento da pressão sobre as urgências “não é um fenómeno inesperado”, sendo “algo que decorre desta altura do ano”. “Nestes picos de frio, há mais infeções respiratórias, não é nada de diferente do que aconteceu nos anos anteriores”, realça Óscar Gaspar.

Os hospitais privados, que no ano passado foram responsáveis por 1,5 milhões de urgências (cerca de 20% do total do país), lamentam a falta de planeamento no sentido de haver uma cooperação entre o setor público e privado. “Mantemos a abertura [para cooperar] mas não é quando estão centenas de pessoas à porta de um hospital que se pode planear. É um trabalho que tem de ser feito com tempo“, defende o presidente da APHP, criticando a falta de resultados práticos, decorrente da intenção da Direção Executiva de contar com a colaboração do setor privado no inverno.

“No plano de inverno, publicado em agosto, há várias referências ao recurso ao setor privado e social, mas esse documento não teve nenhum reflexo prático. Eu próprio contactei o diretor-executivo do SNS para perceber o que pretendiam dos hospitais privados e não tivemos nenhuma resposta nesse sentido. Não houve articulação com o privado”, vinca.