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O antigo ministro social-democrata António Couto dos Santos é o morto encontrado esta segunda-feira a boiar num lago no Citygolf, na Senhora da Hora, em Matosinhos, revelaram à Lusa fontes dos Bombeiros de São Mamede de Infesta e do PSD. Fonte oficial da PSP diz ao Observador que “não foram verificados indícios de crime”.

O alerta foi dado pelas 11h35 com a referência de que havia um homem caído no lago do clube — a vítima tinha-se deslocado de manhã para o local para jogar golfe. Quando chegou ao local, a PSP confirmou a presença de um corpo na água e falou com testemunhas que “afirmaram ter visto o indivíduo a jogar sozinho e que a dada altura deixaram de o ver”. O clube de golfe encontra-se encerrado. Segundo a fonte dos bombeiros, o corpo do antigo governante já seguiu para o Instituto de Medicina Legal do Porto. Alguns meios avançam que a Polícia Judiciária mandou retirar a água do lago onde foi encontrado o corpo a boiar para tentar encontrar o taco que se encontra desaparecido, mas ao Observador fonte oficial da PJ garante que não foi acionada, nem estiveram inspetores no local.

O Citygolf avança, num comunicado à imprensa, que o antigo ministro “efetuava uma volta de treino quando teve a infelicidade de cair no lago do buraco 7, em circunstâncias ainda em investigação”. Na nota, o clube manifesta ainda solidariedade com os familiares e amigos da vítima. O clube encontra-se encerrado.

O primeiro-ministro Luís Montenegro afirmou ter recebido a notícia da morte de Couto dos Santos com “profunda consternação e choque”, recordando-o como um amigo que foi deputado e governante “em fases desafiantes e bem sucedidas da nossa vida democrática”. Destaca a “frontalidade, humanismo e competência” do antigo ministro e deixa condolências à família. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou “profundamente” a morte do antigo ministro e “figura marcante dos Governos de Aníbal Cavaco Silva”, num comunicado em que destacou os cargos de relevo ocupados por Couto dos Santos.

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O antigo primeiro-ministro e Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, por seu turno, recordou Couto dos Santos como “um elemento muito importante” nos seus executivos nas décadas de 80 e 90: “Pode-se dizer que Couto dos Santos foi, nos meus governos, o ministro das questões particularmente difíceis”, afirmou.

“Eu estou profundamente chocado, profundamente entristecido com a notícia da morte do engenheiro Couto dos Santos. No último verão, tínhamos tido aqui no meu gabinete uma longa conversa em que verifiquei que Couto dos Santos continuava a ser uma pessoa de ideias novas, de ideias inovadoras, um homem com grande criatividade e muito empenhado em contribuir para a resolução dos problemas do nosso país”, salientou.

O antigo chefe de Estado destacou “o papel muito importante” que teve “na liberalização da comunicação social, na criação das televisões privadas”, que apontou como uma das reformas mais marcantes dos seus governos. “Na pasta da educação, num tempo de grandes transformações, ele teve que tomar decisões muito corajosas. Pedi-lhe, num momento difícil das questões de educação, que assumisse a responsabilidade por essa pasta e ele aceitou. E não fugiu às suas responsabilidades”, destacou.

Para Cavaco Silva, Couto dos Santos “foi um homem que, pela sua ação ao serviço do país, prestou muitos e importantes trabalhos ao nosso país, contribuindo para o seu desenvolvimento”. “Foi um político que não fugiu às suas responsabilidades, procurou fazer o melhor e teve um espírito notável de inovação. A ação dele à frente da pasta da Educação foi um marco muito importante na política que meus governos desenvolveram ao longo dos anos”, afirmou, dirigindo os “mais sentidos pêsames” à família.

Também o PSD manifestou o seu “profundo pesar” pela morte do antigo ministro social-democrata, dizendo que “a direção do PSD perdeu um amigo, o partido um ilustre militante e o país um dos principais defensores da causa pública”. “O PSD manifesta sentidas condolências à família de Couto dos Santos”, pode ler-se no comunicado.

Outras figuras históricas dos sociais democratas já lamentaram publicamente a morte desta segunda-feira. Manuela Ferreira Leite lembrou o seu antecessor na pasta da Educação como alguém com “peso no governo” de Cavaco Silva e lembra o desafiante “problema das propinas”, que considera continuar atual, e destaca o  “benefício” que as decisões tomadas promoveram no ensino superior. Ferreira Leite afirma que Couto dos Santos saiu do governo “um pouco desgastado graças à contestação que também teve”, mas garante que este nunca ficou amargurado com a saída, pois era uma pessoa “alegre e sempre com um sorriso na cara”. “Perdi um amigo”, lamenta.

Em declarações de pesar à Rádio Observador, Luís Marques Mendes afirmou que a vida de Couto dos Santos fica “marcada pela ideia de serviço público”. Admite que quando era ministro da Educação “a vida não era fácil” e prefere destacar aquilo que fez como secretário de estado da Juventude, cargo “onde pôs à prova todo o seu grande talento para mobilizar jovens”.

Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, utilizou a rede social X para manifestar a “profunda tristeza” perante a “morte de um amigo”. “Couto dos Santos foi Ministro da Educação, Ministro dos Assuntos Parlamentares, Ministro Adjunto e da Juventude. Um Homem brilhante que lutou sempre por um país melhor. Sinceras condolências à família e amigos”, escreveu ainda o social-democrata na publicação.

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Três vezes ministro de Cavaco e cônsul honorário da Rússia no Porto

António Couto dos Santos nasceu em 18 de maio de 1949, em Forjães, no concelho de Esposende, tendo feito o ensino secundário no Liceu Passos Manuel, em Lisboa, e tendo-se licenciado em Engenharia Química no Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa.

O antigo governante foi também deputado pelos distritos de Setúbal (1987-1994) e de Aveiro (2009-2015), presidente do Conselho de Administração (CA) da Assembleia da República (2011-2015), presidente da Comissão Parlamentar de Saúde (2009-2011) e vice-presidente da mesma comissão (2011-2015). Foi por quatro vezes membro dos governos de Cavaco Silva: secretário de Estado da Juventude, ministro dos Assuntos Parlamentares, ministro da Educação e ministro Adjunto e da Juventude.

A nível empresarial, esteve na Quimigal (1983-1985), foi presidente executivo da Associação Empresarial de Portugal (1995-2007), integrou o CA do Hospital da Amadora (1995-2003), presidiu à Casa da Música no Porto (2004-2005) e foi membro de diversos órgãos sociais na área dos media, comunicações, construção, energia e ambiente), tendo sido ainda consultor nas áreas de Energia, Ambiente e Saúde.

Couto dos Santos desempenhou ainda as funções de cônsul honorário da Rússia no Porto, tendo apresentado a sua recusa ao lugar em 26 de fevereiro de 2022, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.