O primeiro-ministro do Canadá anunciou esta segunda-feira a demissão de líder do Partido Liberal e do cargo de chefe de executivo. Justin Trudeau acrescentou, em conferência de imprensa, que irá cessar funções como primeiro-ministro a partir do momento que o seu partido escolher um novo sucessor.

Trudeau, que lidera o partido há onze anos e o executivo há nove, adiantou que já pediu formalmente ao partido que avançasse com o processo interno de escolha de um novo líder, mas não adiantou nomes para o seu sucessor. Ainda antes da sua intervenção, a imprensa canadiana avançou que o ministro das Finanças, Dominic LeBlanc era uma das possibilidades.

A televisão pública canadiana também adiantou que Trudeau falou, na manhã desta segunda-feira, com a governadora geral do Canadá e tomou a decisão de suspender o parlamento até 24 de março. Na sua declaração, o primeiro-ministro confirmou esta decisão, justificando-a com a “paralisação”  e a “total falta de produtividade durante os últimos meses”.

Esta decisão implica o adiamento de todas as atividades parlamentares até esta data, sem ter de dissolver o plenário. Isto dá tempo ao Partido Liberal de avançar com as eleições internas e escolher um novo líder antes da retoma das atividades parlamentares. Justin Trudeau garantiu que é “um lutador” e que esta é a sua forma de lutar pelo país.

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Nesta mesma linha, o chefe do executivo canadiano repetiu que não foge às lutas, mas que a sua reeleição não é uma opção para o país nas próximas eleições legislativas, que se realizam em outubro deste ano. “Este país merece uma escolha a sério“, declarou, adiantando que as “batalhas” e a divisão dentro do partido iam prejudicar a democracia no Canadá. As sondagens mais recentes têm mostrado uma queda acentuada dos liberais.

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Em dezembro, a vice-primeira-ministra e ministra das Finanças do Canadá, Chrystia Freeland, demitiu-se depois de ter revelado divergências com o primeiro-ministro, Justin Trudeau, “sobre a melhor forma de fazer avançar” a situação económica do país. Na altura, o Partido Liberal estava 20 pontos atrás do Partido Conservador nas intenções de voto e tem estado a perder apoio parlamentar.

Ministra das Finanças do Canadá demite-se por divergências com Trudeau

Em setembro, o Novo Partido Democrático deixou cair o apoio aos liberais alegando o incumprimento de promessas de investimento público. A demissão de Chrystia Freeland, em dezembro, fragilizou ainda mais o Executivo.

Justin Trudeau respondeu ainda a algumas questões dos jornalistas, em que reconheceu as fragilidades que o país enfrenta — falando diretamente sobre a demissão da sua ministra — os seus arrependimentos relativamente à sua liderança do governo. Porém, também salientou os objetivos alcançados pelo seu executivo.

É altura de começar de novo“, rematou Trudeau, expressando “uma enorme confiança” no povo canadiano e na capacidade de a sua demissão “acalmar os ânimos” na política nacional.