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As autoridades suspenderam, ao final da tarde, as buscas pelos dois pescadores que estão desaparecidos após o barco de pesca em que seguiam ter embatido contra um catamarã que seguia do Barreiro em direção a Lisboa, na segunda-feira. As buscas, que começaram logo após o acidente, tinham sido retomadas na manhã desta terça-feira, por volta das 8h.

Interrompemos as buscas que estávamos a desenvolver depois de conseguirmos abranger toda a área que nos propusemos a abranger durante todo o dia e não foi encontrado nada”, afirmou Paulo Rodrigues Vicente, Comandante da Capitania do Porto de Lisboa, em declarações transmitidas pela RTP3. “As probabilidades de encontrar [desaparecidos] com vida são nulas e teremos de o assumir, mas não desistiremos de completar as buscas até encontramos os dois desaparecidos”. acrescentou.

Paulo Rodrigues Vicente informou ainda que as buscas serão retomadas na quarta-feira, sendo que há “aviso de mau tempo entre as 9h e as 15h, de chuva e vento forte que vai criar condições não favoráveis” aos trabalhos.

O comandante tinha avançado, no início do dia, que os desaparecidos têm 26 e 32 anos e negou que a embarcação em que seguiam estivesse a ser perseguida pela polícia, como defenderam alguns pescadores que falaram com o Observador. “Sei que também já existiram notícias de que a embarcação estaria a fugir de uma operação da Polícia Marítima, o que não confirmo. Definitivamente, não ouvi. A situação é um sinistro marítimo. É uma colisão”, afirmou.

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As buscas contaram com a colaboração de embarcações da Estação Salva-vidas da Capitania do Porto de Lisboa, da Estação Salva-vidas de Cascais, dos Bombeiros Sapadores de Lisboa e dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas. Por terra, serão meios do comando local da Polícia Marítima de Lisboa que vão patrulhar as duas margens do rio Tejo.

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Em declarações aos jornalistas, transmitidas pelas televisões (por volta das 8h), Paulo Rodrigues Vicente disse que não haveria nenhum meio aéreo a participar nas buscas — ao contrário do que aconteceu esta segunda-feira, quando foi acionado um helicóptero da Força Aérea, — porque a probabilidade de os pescadores estarem vivos é “reduzida”. “[O helicóptero] foi acionado logo de início [após o acidente] para tentar encontrar os desaparecidos com vida. Passadas estas horas, a probabilidade é extremamente reduzida ou negativa”, explicou, garantindo que as autoridades vão ter “muito olhos no rio”. “Vamos estar atentos e vamos esperar sucesso.”

Questionado acerca da possibilidade de vários alertas sonoros terem sido ignorados pela embarcação de pesca, uma versão que consta no comunicado emitido pela Transtejo/Soflusa, o capitão do Porto de Lisboa disse que o foco das autoridades está nas “operações de socorro” e notou que “todos os intervenientes” já foram ouvidos. “Há a versão dos que sobreviveram”, lembrou, não esclarecendo se é ou não contraditória face àquela que foi apresentada pela empresa e acrescentando que a investigação está a decorrer.

Horas mais tarde, por volta das 12h, num novo ponto de situação feito à comunicação social, Paulo Rodrigues Vicente voltou a remeter para a investigação questões relacionadas com os avisos sonoros e com a legalidade da embarcação. Por outro lado, o capitão do Porto de Lisboa indicou que as buscas cobrem uma “área muita vasta” — de cerca de “30 quilómetros por 15 quilómetros” — e vão decorrer enquanto existir “luz do dia”. Até essa altura, vão manter-se no local os mergulhadores e uma equipa forense para recuperar os destroços.

As autoridades não têm grandes esperanças de encontrar os pescadores desaparecidos com vida, com o comandante Rodrigues Vicente a afirmar que a “experiência e probabilidade” lhe dizem que será preciso “esperar que os corpos possam vir à superfície”.

Foi esta segunda-feira à tarde que uma embarcação de pesca, que tinha quatro pessoas a bordo, embateu contra um catamarã que seguia do Barreiro em direção a Lisboa. Dois dos pescadores estão desaparecidos, enquanto os outros dois foram resgatados e transportados pelo INEM para o Hospital Garcia de Orta, em Almada. Um deles está em estado grave.

Contactada pelo Observador, esta terça-feira de manhã, fonte do hospital avançou que um dos pescadores resgatados já teve alta, enquanto o outro se encontra a receber “os tratamentos adequados à sua situação”.

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