O número de pessoas que morreram em resultado de confrontação entre guardas e reclusos após a fuga em duas cadeias em Maputo subiu para 35, anunciou esta terça-feira o Serviço Nacional Penitenciário de Moçambique (Sernap).
Segundo dados das autoridades moçambicanas enviados à Lusa, subiu igualmente para 332 o número de reclusos recapturados de um total de 1.534 que fugiram das cadeias da capital moçambicana no final de 2024.
Fuga de mais de 1.500 reclusos de cadeia de Maputo faz 33 mortos
Os reclusos fugiram dos estabelecimentos Penitenciário Especial da Máxima Segurança e Provincial de Maputo, localizados a mais de 14 quilómetros do centro da capital moçambicana, no dia 25 de dezembro, e foram recapturados em resultados de operações conjuntas entre o Sernap e as Forças de Defesa e Segurança, indicou aquele órgão.
O Centro para a Democracia e Direitos Humanos (CDD), Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana, entregou em 6 de janeiro uma queixa à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os ministérios do Interior e da Justiça pelo “massacre” dos reclusos, que foram “assassinados pelas balas da polícia”, segundo o diretor do CDD, Adriano Nuvunga.
Num direto na rede social Facebook, Venâncio Mondlane, candidato presidencial que lidera, a partir do estrangeiro, a contestação aos resultados eleitorais, rejeitou a tese do envolvimento dos manifestantes que contestam os resultados das eleições gerais de 9 de outubro, avançada pela polícia, acusando as autoridades de terem propositadamente deixado os reclusos fugir, com o objetivo de manipular as massas e desviar o foco da sociedade.
“Foi tudo propositado. São técnicas de manipulação de massas à moda dos serviços secretos soviéticos (…) para que as pessoas parem de falar na fraude eleitoral. Querem desviar o nosso foco“, declarou Mondlane, acusando também as autoridades de terem “sacrificado” alguns dos reclusos.
Moçambique atravessa desde outubro uma crise pós-eleitoral, com protestos e paralisações que têm culminado em confrontos violentos entre polícia e manifestantes, que rejeitam os resultados das eleições de 9 de outubro, com quase 300 mortos e perto de 600 pessoas feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o processo.