O PSD defendeu esta terça-feira que o Governo AD trouxe “estabilidade e acalmia” e salientou que, em dez meses, não teve qualquer demissão, com o PS a pedir cautela para que o aparente oásis não se transforme “numa grande tanga”.

Na primeira declaração política do ano do PSD no plenário da Assembleia da República, o deputado social-democrata Carlos Eduardo Reis recordou as várias demissões do anterior executivo de maioria absoluta do PS para deixar a comparação com o executivo PSD/CDS-PP.

“Num tempo relativamente aproximado de governação, não há uma única saída ou demissão do Governo da Aliança Democrática. Isto não devia servir de um barómetro de resultados políticos, mas o anterior Governo, ainda que usando de uma maioria confortável, transformou o valor da estabilidade política num objetivo difícil”, defendeu.

Para o deputado do PSD, “quando o PS saiu do Governo, a estabilidade e a acalmia regressaram ao país”, enumerando acordos alcançados pelo atual executivo com várias classes socioprofissionais.

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“É com fair play, com muito fair play, que vejo os cartazes do PS na rua apresentando-se como a força do progresso, quando se fez mais em oito meses do Governo PSD e CDS do que em oito anos de situacionismo socialista“, acusou Carlos Eduardo Reis, apontando decisões como a localização do novo aeroporto ou medidas na área da habitação e dos transportes.

Até na área da saúde, em que o Governo tem enfrentado críticas de toda a oposição, o deputado do PSD pediu “decoro político” e tempo para a implementação de novas políticas a “quem duplicou o investimento em saúde conseguindo piores resultados”.

“Façamos deste ano de 25 um ano de compromisso, mais do que de polarização. Um ano de serviço, não apenas de ambição”, apelou.

Na resposta, o deputado do PS e vice-presidente da Assembleia da República Marcos Perestrello recordou expressões que marcaram anteriores governos liderados do PSD como “o país de tanga” de Durão Barroso ou a teoria de que Portugal seria “um oásis”, do antigo ministro das Finanças Braga de Macedo.

O deputado socialista apontou o aumento de 10% nos preços da habitação no último trimestre, a “situação catastrófica na saúde” e os “quase 30 mil alunos sem professor” no segundo período escolar, acusando ainda o Governo de poder vir a criar problemas ao investimento privado ou ao turismo ao “empolar o problema da insegurança”.

“Eu recomendar-lhe-ia a si e ao PSD alguma cautela, não vá o oásis que os senhores ambicionam transformar-se numa grande tanga”, advertiu.

Pelo Chega, o líder parlamentar Pedro Pinto considerou “péssima” a comparação com o governo do PS: “Não há demissões porque não tem havido vergonha”, considerou, dizendo que ministras como as da Administração Interna, Saúde e Justiça já deveriam ter deixado o executivo.

Pedro Pinto acusou ainda o PSD de tentar imitar o discurso do Chega em matérias como a imigração ou segurança, mas deixou um aviso: “O original somos nós, isto é uma cópia”.

Também o deputado da IL Rodrigo Saraiva questionou as diferenças entre os executivos do PS e da AD.

“Concordamos que o do PS foi um governo situacionista, mas estes meses também me parece que estão a ser um pouco situacionistas, vamos ter o PSD a querer ser reformista?”, questionou, apontando que na “grande bandeira do IRC” ficou quase tudo na mesma.

O líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, ironizou que o deputado do PSD tenha assinalado como positivo a ausência de demissões.

“Era suposto num Governo que não está em funções há um ano? Isto mostra a fasquia que o governo coloca à governação, isto não quer dizer que as políticas sejam competentes”, criticou.

Também a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, apontou problemas em setores como a saúde ou a habitação para acusar o Governo PSD/CDS-PP de ter aumentado as desigualdades e as injustiças.

Na mesma linha, a deputada do Livre Filipa Pinto acusou Carlos Eduardo Reis de ter pintado “um quadro cor-de-rosa do país”, considerando que “não houve demissões, mas bem poderia ter havido”.

No final das respostas aos sete pedidos de esclarecimento à sua intervenção, o deputado do PSD disse não querer copiar o “deixem-nos trabalhar” de Cavaco Silva, mas fez um pedido: “Deixem-nos governar, foram dez bons meses”, considerou.