Uma mulher lusodescendente de 34 anos foi assassinada pelo seu companheiro à frente dos filhos, na terça-feira, em Brétigny-sur-Orge, na região francesa de Essone. O suspeito, que também terá atentado contra as crianças, tentou atacar as autoridades policiais com duas facas, mas acabou detido, segundo o jornal francês Actu17. Na quinta-feira, o homem de 29 anos foi hospitalizado sob coação por o seu estado de saúde não ser “compatível com a custódia policial”.

Sandy Pinto era filha de portugueses de Riba de Mouro, no concelho de Monção, que tinham emigrado para França, onde a filha nasceu. O presidente da junta local José Manuel Fernandes confirmou ao Jornal de Notícias a morte, acrescentando que a família tinha voltado para Portugal e que Sandy tinha continuado no país, durante alguns anos, antes de retornar à terra natal. Os pais vivem atualmente na freguesia com o único irmão da vítima, acrescentou.

Segundo a imprensa local, por volta das 23h30 de terça-feira, alguns moradores de um prédio alertaram a polícia, após ouvirem gritos de uma mulher vindos de um dos apartamentos. As autoridades terão chegado rapidamente ao local e identificado a habitação da qual vinham os pedidos de socorro. “Tentaram entrar no apartamento, mas não conseguiram devido à porta blindada”, lê-se num comunicado do procurador público de Évry, Grégoire Dulin. Ao pedirem reforços com equipamento para conseguir abrir a porta, deixaram subitamente de ouvir gritos.

Enquanto tentavam estabelecer contacto com o atacante, a porta abriu-se rapidamente e um homem saiu do interior do apartamento, tentando atacar os agentes com duas facas. Os polícias dominaram-no rapidamente com um taser e entraram na residência onde encontraram, na casa de banho, o corpo de Sandy Pinto sem vida. Duas crianças estavam também presentes no local. Uma delas, de 4 anos, era filha do casal, enquanto a outra, de 7 anos, era apenas filha do atacante. As crianças “foram imediatamente levadas para um abrigo adequado e assistidas por uma equipa médica”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No momento da detenção, o homem encontrava-se num estado de grande agitação e falava de forma incoerente. Foram colhidas amostras de sangue para determinar se estaria “sob influência de drogas ou álcool” à altura dos eventos. O Ministério Público de Évry remeteu o caso para uma equipa da Direção Interdepartamental da Polícia Nacional para investigação.

Os primeiros resultados da autópsia ao corpo da vítima sugerem que esta “morreu na sequência de inúmeros golpes na cabeça”, dos quais resultou um traumatismo craniofacial com hemorragia intracraniana e uma fratura da cartilagem da laringe, segundo outro comunicado do procurador. Os exames médicos realizados às crianças revelaram que estas “também foram sujeitas a violência”.

Na sexta-feira, vai ser aberto um inquérito judicial sobre as acusações de homicídio conjugal e violência contra menores por um ascendente. “No entanto, as investigações prosseguem para determinar as causas e os factos”, segundo o comunicado. O procurador refere que o homem detido já tinha antecedentes criminais. Entre 2014 e 2016, foi condenado três vezes pelos crimes de violência sobre um ascendente, condução sem carta e violência em grupo.