O almirante Henrique Gouveia e Melo recusa dizer que está mais próximo de ser candidato desde que saiu da Armada, preferindo fugir à questão: “Desde que passei à reserva estou mais perto de tirar umas merecidas férias. Depois, logo se vê.” Numa edição especial do podcast Expresso da Manhã, Henrique Gouveia e Melo insiste que merece “umas férias durante uns tempos”. Questionado sobre o facto de ser favorito nas sondagens, o almirante agradece “aos portugueses a simpatia e a confiança” que têm nele. Mas não desfaz o tabu.
O antigo Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) diz que é “urgente e necessário” discutir o financiamento da Indústria da Defesa na campanha das Presidenciais, já que “não nos podemos alhear de um problema que coloca em causa não só a segurança, mas a prosperidade” da Europa.
O almirante defendeu um maior investimento na indústria da Defesa, embora não se tenha comprometido em optar por uma forma de financiar esse reforço. Questionado sobre o que pensa dos defense bonds na UE, evitou pronunciar-se.
[Já saiu o quarto episódio de “A Caça ao Estripador de Lisboa”, o novo Podcast Plus do Observador que conta a conturbada investigação ao assassino em série que há 30 anos aterrorizou o país e desafiou a PJ. Uma história de pistas falsas, escutas surpreendentes e armadilhas perigosas. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio, aqui o segundo e aqui o terceiro episódio]
Gouveia e Melo defende uma “reindustrialização inteligente”, acreditando que pode resolver o problema de dependência dos EUA. O almirante diz que haver investimento em Defesa implica “afetação das despesas sociais”, mas questiona: “Do que serve termos despesas sociais se não tivermos país? Ou se tivermos de obedecer a uma entidade exterior ainda por cima ditatorial.” Gouveia e Melo acrescenta: “Estamos a pedir um aumento de 1 ou 1,5% de investimento do PIB em Defesa para a Europa. Não fazer isso, é perder tudo. Podemos fazê-lo de forma pouco inteligente ou mais inteligente.”
Gouveia e Melo defendeu o Serviço Militar Obrigatório (SMO), mas com um modelo diferente do que existia até ao início dos anos 2000. O almirante defende uma “forma mais inteligente”: “Não podemos obrigar os jovens todos a perderem dois ou três anos de vida e depois esse tempo ser inútil.” Apesar de não querer explicar qual será o seu modelo de SMO, lembrou os modelos encontrados pela Suíça e pela Suécia.
Gouveia e Melo disse ainda ser “preocupante” comportamentos que coloquem em causa a soberania de territórios dentro do espaço democrático e ocidental, numa referência às alegadas intenções de Donald Trump relativamente à Gronelândia, ao Canal do Panamá e ao Canadá.