As críticas ao Banco de Portugal (BdP) não vêm só dos partidos de oposição. Entre a maioria PSD-CDS, há já críticas diretas a Carlos Costa e acusações de incoerência, falta de transparência e demora na resposta à crise do Grupo Espírito Santo.

O vice-presidente do CDS, Nuno Melo, acusou esta quarta-feira à noite na TVI24 o BdP de “não ter estado bem”, embora melhor do que no tempo e Vitor Constâncio e da nacionalização do BPN. “Agiu mais rápido, mas por ventura não suficientemente rápido”, disse.

“Há coisas na supervisão que francamente eu também não entendo. Como foi, por exemplo, autorizada a transferência de 3,3 mil milhões de euros do BES para o BESA quando já havia problemas de liquidez? (…) Como é que validou um aumento de capital no BES?”, questionou. Sobre o crédito ao BESA, que passou agora para o Banco Novo (o banco bom, que sucedeu ao desmantelamento do BES), Melo tem dúvidas: “Gostaria de saber como é que foi provisionado”.

O vice-presidente do PSD, José Matos Correia, por sua vez, já tinha criticado, na terça-feira na SICN, o BdP por causa do seu silêncio, nomeadamente sobre a divulgação de um ata, através do site de um escritório de advogados, que revela contornos sobre o que se passou nos últimos dias entre BCE, BdP e Governo. “Se a ata era para ser pública, devia tê-lo sido mas não desta maneira”, afirmou. O dirigente do PSD considerou, sobre este caso, que “é o BdP que tem que dar esclarecimentos e não o Governo ou o Ministério das Finanças”.

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Matos Correia levantou, na altura, outra dúvida sobre o empréstimo de 3,5 mil milhões de euros que o BdP concedeu ao BES depois do BCE ter fechado a torneira de mais financiamento: “Eu teria preferido que o BdP tivesse dito quais foram as garantias dadas pelo BES para esse empréstimo”.

Tanto Melo como Matos Correia apoiam a solução encontrada para o BES, dividido entre banco bom e banco tóxico.

Também no Governo, o silêncio do BdP é criticado. Depois de o BE ter pedido uma sindicância ao Governo sobre fugas de informação sobre o plano delineado para o Grupo Espírito Santo, fonte do Executivo dizia esta quarta-feira ao Observador que o BdP devia ter prestado mais informações e que nesse aspeto a “cultura” dos supervisores não mudou com a troca de Constâncio por Carlos Costa.