O Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif e mais uma fatura para os contribuintes, desta vez de 2.255 milhões de euros. O filme não é novo, nem sequer com o Banif, e na conta final estarão, pelo menos, 2.441 milhões de euros.
Em 2013 o Estado injetou 1,1 mil milhões de euros no Banif para aumentar o capital deste banco. Destes, 700 milhões foram para a compra de ações, que fizeram com que o Estado passasse a ser dono de 99,2% do banco.
A estes 700 milhões de euros juntaram-se outros 400 milhões de euros em dívida – mais concretamente em instrumentos de capital convertível, as obrigações CoCo – que o Banif teria de reembolsar até ao final do ano passado. No entanto, o Banif só foi capaz de reembolsar 275 milhões de euros.
No final, só da primeira injeção de capital, o Estado ainda tinha 825 milhões de euros de dinheiros públicos no Banif quando este domingo decidiu a venda do banco ao Santander Totta por 150 milhões de euros.
Com a venda, surgem novas dúvidas. O Estado comprometeu-se com um apoio direto de 1.766 milhões de euros, mais 489 milhões de euros de apoio a chegar via Fundo de Resolução, numa altura em que o Fundo de Resolução não tem capital para fazer empréstimos devido ao apoio dado ao BES em 2014.
Mesmo que os bancos que compõem o Fundo de Resolução assumam mais este financiamento, a Caixa Geral de Depósitos tem uma participação importante no Fundo, fazendo com que, mesmo em menor escala e não tão diretamente, o Estado acabe por ser afetado.
Mesmo contando com os 150 milhões de euros da receita da venda do Banif ao Santander Totta como receita, e apenas com os 1.766 milhões de euros de apoio direto do Estado, a fatura para os contribuintes ficaria no mínimo nos 2.441 milhões de euros.
Na pior das hipóteses, ou seja, se o Estado tiver de assumir também os 489 milhões de euros, a conta pode subir para os 2.930 milhões de euros.