O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vítor Constâncio, sugeriu hoje em Madrid “uma reflexão profunda” sobre a possibilidade de haver “um pequeno apoio público” para “melhorar significativamente” o setor bancário afetado pelo ‘Brexit’.

A situação atual, depois de uma nova onda de baixas nos preços das ações depois do ‘Brexit’, merece uma reflexão profunda sobre a compensação de algumas falhas de mercado com um pequeno apoio público para melhorar significativamente a estabilidade de alguns setores bancários“, disse Vítor Constâncio numa conferência organizada pela Universidade de Navarra.

Na palestra aos alunos do mestrado da universidade, o vice-presidente do BCE, sustentou ainda que haverá, nos próximos anos, uma “normalização” dos níveis atuais de inflação, o que terá um efeito positivo no “ambiente macroeconómico”.

“Confiamos que iremos alcançar uma normalização nos níveis de inflação nos próximos anos, o que irá alterar para melhor o ambiente macroeconómico, portanto irá apoiar o setor bancário”, disse.

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O ex-governador do Banco de Portugal defendeu que a política monetária do BCE “foi a única política expansionista na zona euro”, o que, “sem dúvida, ajudou os bancos, como prova a melhoria na sua rentabilidade desde 2013”.

“Estamos conscientes dos efeitos colaterais da nossa política sobre a economia e sabemos o limite de certos instrumentos”, sublinhou Constâncio.

O vice-presidente do BCE mostrou-se convencido de que “os bancos não vão desaparecer nos próximos tempos por causa da onda de empresas ‘startups’ [em início de atividade] na área tecnológica/financeira” e que as instituições bancárias irão encontrar formas “engenhosas e competentes” para se tornarem mais eficientes com rácios custos/rendimentos mais baixos e com capacidade para enfrentar uma concorrência feroz num mundo em rápida alteração tecnológica.

“Só um setor bancário robusto e rentável pode servir a economia e o crescimento económico que precisamos”, concluiu.

O Reino Unido decidiu há duas semanas, num referendo, abandonar a União Europeia (‘Brexit’), o que lançou uma onda de instabilidade nos mercados financeiros.