A possibilidade de os residentes da antiga colónia britânica elegerem livremente os seus dirigentes permitiria aos mais pobres dominarem o processo eleitoral, deu a entender o chefe do Executivo de Hong Kong, segundo notícias publicadas esta terça-feira na imprensa internacional.

Numa entrevista de que fazem eco os jornais Wall Street Journal e o New York Times, Leung Chung-ying, também conhecido por CY leung, considerou novamente que seria impossível organizar eleições livres em Hong Kong.

As declarações de CY Leung são publicadas poucas horas antes de responsáveis do governo de Hong Kong e líderes estudantis reunirem pela primeira vez após mais de três semanas de protestos pró-democracia nas ruas de Hong Kong.

“Se é uma questão de jogo de números e de representação numérica, obviamente que estamos a falar de metade da população de Hong Kong que tem um vencimento inferior ao equivalente a 1.400 euros mensais. Então teríamos de acabar com esse tipo de políticos e políticas”, disse.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As declarações de CY Leung estão de acordo com as palavras de Wang Zhenmin, diretor da faculdade de Direito na Universidade Qinghua, na capital chinesa, e consultor regular de Pequim nas questões de Hong Kong.

Wang Zhenmin disse em agosto que uma maior liberdade democrática em Hong Kong tem de ser equilibrada com a elite empresarial de Hong Kong que deve partilhar a sua “fatia do bolo” com os eleitores.

“A comunidade empresarial é na realidade um pequeno grupo de elites que controla os destinos da economia em Hong Kong. Se ignorarmos os seus interesses, o capitalismo em Hong Kong vai parar (de trabalhar)”, assinalou Wang Zhenmin.

Na segunda-feira, o Supremo Tribunal da Região Administrativa Especial chinesa de Hong Kong emitiu uma medida cautelar que proíbe a ocupação do distrito de Mong Kok, um dos locais dos protestos pró-democracia, iniciados há 24 dias.

A ordem judicial foi tomada na sequência de queixas interpostas por operadores de transportes públicos de Hong Kong para que as ruas, que foram tomadas pelos manifestantes, recuperem a normalidade.

As manifestações pró-democracia em Hong Kong, que visam a aceitação por Pequim de eleições diretas sem qualquer seleção dos candidatos a chefe do Executivo em 2017, constituem um dos maiores desafios para a China desde as manifestações de 1989 em Tiananmen, que terminaram com a entrada das tropas chinesas na praça e um número desconhecido de vítimas.

CY Leung disse ainda que Hong Kong tem alguma “sorte” por Pequim ainda não ter sentido a necessidade de intervir no caso.