António José Seguro quer que as eleições de domingo sirvam de “censura” ao Governo. Num almoço-comício em Fafe, distrito de Braga, por onde é eleito, o líder do PS diz que “chegou a hora” de “censurar” o Governo de Passos Coelho e de Paulo Portas.

A quatro dias das eleições europeias, e “tranquilo” com o resultado, como disse, o líder socialista já está com os olhos postos no dia seguinte. Relembrando que tem falado com milhares de portugueses que lhe dizem para “correr com eles [Governo]”, Seguro levantou o tom do discurso:

“É preciso mudar. Pois bem, digo-lhes hoje a quatro dia das eleições: É agora. Chegou o dia porque tanto esperávamos. É a hora de com o voto de cada português fazermos justiça, censurarmos este Governo e votarmos na mudança para dar de novo esperança aos portugueses”.

Dirigindo-se aos apoiantes, Seguro não foi mais longe do que isto na explicação se a censura ficará apenas pelos discursos ou se formalizará no Parlamento com a entrega de moção. Para já, prefere radicalizar para apelar ao voto e derrubar o Governo, lembrando as medidas mais polémicas deste Executivo: “É melhor maneira de dizer que estes cortes não são definitivos porque este Governo também não é definitivo. Está de passagem e o seu tempo está a chegar ao fim.”

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Mas entre a direção socialista, há intenção – confirmou o Observador junto de várias fontes – de apresentar uma moção de censura ao Governo no Parlamento, na sequência de uma eventual vitória do PS nas eleições de domingo. “Há coisas em que se pensa, mas ainda não é o timing para serem ditas”, afirmou ao Observador um dirigente próximo de Seguro. “Claro que vamos querer aumentar a pressão sobre o Governo e também sobre o Presidente da República”, refere outro membro do secretariado socialista, acrescentando, contudo, ter pouca ou nenhuma esperança que o Presidente dissolva a Assembleia e convoque eleições. O secretariado, núcleo político do PS, reúne domingo e esta questão irá ser aí discutida.

Em entrevista ao Diário Económico, Pedro Silva Pereira, ex-ministro de Sócrates e candidato na lista do PS nestas europeias, admitia na semana passada a possibilidade de eleições antecipadas. “O PS já apresentou em tempos uma moção de censura, isso significa que não espera nada deste Governo. Veremos qual é o impacto dos resultados eleitorais. Nós esperamos que sejam de uma resposta clara dos portugueses no sentido de travar esta política de austeridade”, afirmou, acrescentando que isso depende “da leitura que o Presidente da República faça da situação em que fica o Governo” depois de domingo.

Troca de elogios

Há três anos confrontaram-se em eleições diretas para o partido. Esta quarta-feira decidiram elogiar-se mutuamente. Seguro e Assis querem dar imagem de união. Primeiro, foi Francisco Assis a lembrar o congresso de Braga que o colocou frente a frente com Seguro na disputa pela liderança do partido. Lembrou que disse na altura que “não iria andar por aí” e que iria estar “na primeira inha dos combates do PS”. Já com olhos postos no futuro, apresentando Seguro como futuro líder do Governo, o candidato às europeias até disse que “o PS fez o percurso que devia ter feito até aqui”.
Estava lançado o mote para a troca de elogios entre os dois. Seguro seguiu a onda para dizer que Assis é um candidato “com uma enorme dimensão política e intelectual” e que por isso tem as garantias que não Europa o PS “não terá alguém de joelhos. Teremos alguém com determinação.”